Castigo ou correcção?
Há dias li num jornal que qualquer castigo deixa uma marca de ressentimento, e que, por isso, devemos evitá-lo e até denunciá-lo.
Esta generalização pareceu-me perigosa. Não porque eu esteja a favor do castigo, mas porque ela pode levar muitos pais e professores a pensarem que é mau corrigir, quando isso não é verdade. Tudo depende de o que se entende por "castigo".
Qualquer educador, seja ele pai ou professor, está investido em autoridade para educar e formar o filho ou o aluno. Parte desse trabalho formativo e educativo exerce-se através das correcções de todos os dias. Se nos for tirada a possibilidade de corrigir, tiram-nos, ao mesmo tempo, a capacidade de educar.
Hoje em dia muitos adultos têm medo de "traumatizar" as crianças se as corrigirem ou lhes chamarem a atenção para maus comportamentos. Há quem nunca diga não aos filhos, por medo a que se zanguem ou a que isso faça descer a sua auto estima. Sem pensarem em que os prejudicamos mais deixando-os no erro ou permitindo-lhes que façam disparates que os possam prejudicar. Quantas bofetadas a tempo salvaram alguma criança que brincava com uma faca ou que se preparava para meter o dedo na tomada da electricidade! É certo que a criança chorou, mas se não o tivéssemos feito nunca mais teria possibilidade de chorar. Muitas vezes pode acontecer-nos, com os adolescentes, que para evitarmos que "chorem" por uma correcção permitimos que venham a sofrer amargamente as consequências de um comportamento que se poderia ter evitado se tivéssemos actuado na altura certa. E, acreditem-me, isto sim é que cria ressentimentos.
Com o passar dos anos
Se pensarmos bem, agora que somos adultos, naquilo que mais nos faz estar agradecidos aos nossos educadores, compreendemos que é precisamente a paciência e constância que tiveram para nos ajudar a formar hábitos e a superar erros e limitações, apesar das nossas zangas e falta de colaboração em muitos casos. Isso implicou uma série de correcções ao longo da vida, com "más caras" nossas em muitas ocasiões, mas que agora agradecemos. E até reconhecemos que somos o que somos graças a elas.
Nunca esquecerei que quando estava no 5º Ano, num exame de Matemática, perspectivei bem um problema e resolvi correctamente as operações, mas ao colocar o resultado esqueci-me de especificar que se tratava da unidade "metros". A professora considerou errado todo o problema por causa disso! Fiquei zangada, é claro! Mas não me traumatizei nem lhe guardo ressentimento. Pelo contrário, estou-lhe muito agradecida, porque graças a essa correcção não voltei a ter despistes desse género, e isso ajudou-me muito ao longo da vida.................. continua..... em
http://educacao.aaldeia.net/castigocorreccao.htm
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