quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

CATEDRAL DE HORRORES, O OUTRO LADO DO SILÊNCIO



Serôdia saudade
me avulta sal às lágrimas
numa tabuada desperdiçada em solidões.

Isolamentos escritos à mão
de mananciais crus do passado
que me envelhece os cadernos nus da alma.

Cadernos de mofos incontidos
numa senda de lembranças peneiradas
em tesouros apalavrados de escassa fulgência.

Alcovas de vento dão lustre ao suspiro
que me enverniza o silêncio com agnosticismo.

Lustres são donzelas
qual jóia me torture o pescoço
com versos do meu reverso prolixo.

O mar enrola-se no meu olhar
com invernos de avental conspurco
por momentos estátua sucumbidos ao gelo.

Durmo em cama de fogo em coma
numa tela onde os pincéis foram sonhos.

Utopias de lã falante
em sola gasta na calçada do meu acordar.

Tela onde as cores
são sentimentos andantes
de pedra em pedra pelo labirinto do infinito.

Distâncias que me empurram
o pensamento para dentro de mim.

Sinto-me em casa
quando a noite cai sobre o pulso
da poesia que me aquece as vozes
do muro que veda o tempo excessivamente.

Vazios gritam
numa catedral de horrores
nas mãos sábias de uma avó
que engendro em vultos para me aconselhar
dos escudos onde escondo hipérboles de sentir.

Melindres febris
tendem pôr-me os pés
em emoções sombra num golfo
de manhãs sem alçapão para a razão.

Aprendi voar vertigens
do sol fechado nas veias de um abismo
impulsivo no meu sangue de riso espontâneo.

Meu coração bate
vindo ao de cima num charco de amor
onde beijos repentinos são sofrimentos
de rotina amadurecida no tremor dos lábios.

Poema Oferecido Do livro de poesia de um Bom Amigo Henrique Fernandes

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