A arte como caminho para o futuro ...
A alternativa que reflecte o sonho é obviamente muito cara ... para escolhê-la é necessário acreditar em nós mesmos, e nas nossas possibilidades de expansão. Então a pergunta surge. Devemos escolher o presente ou o futuro? Representar aquilo que somos no momento ou apontar para a nossa imagem ideal? Fazer-nos orientar pelo útil no presente, ou pela beleza da arte que fala do futuro? Surge este exemplo porque o problema da beleza surge quase sempre em termos de valor/ utilidade,e, surge de forma a sacrificar um interesse imediato, uma necessidade, para fazer em seu lugar algo que não tem qualquer utilidade imediata, mas que nos projecta no futuro, que nos representa não como somos, mas como queremos muito ser, que não responde às exigências do presente, mas às das gerações vindouras.
A arte é uma materialização da esperança.
Os povos que criaram a beleza,escolheram o valor, o ideal de si próprios, sacrificando aquilo que é útil, imediato e contingente.
Pensemos nas cidades medievais do século XIII , por exemplo. Hoje em dia não lhes chamaríamos sequer cidades, mas aldeias ou vilas, porque não tinham mais que cinco, dez mil habitantes.
Aquelas cidades possuíam um castelo, poucos palacetes, muitos casebres, alguns ainda com telhados cobertos de colmo, vias estreitas , mal cheirosas, sem esgotos. No entanto ao centro eis que se ergue uma enorme e magnífica catedral de pedra, de cem metros de altura com pináculos que se elevam ao céu. Monumentos admiráveis que ainda hoje nos fascinam e nos transmitem emoções profundas.
Há uma enorme desproporção entre estas construções e as que os mesmos homens faziam para si, para as suas necessidades do quotidiano.
Nas catedrais materializavam toda a sua energia, a sua criatividade, os seus receios, as suas esperanças, as suas aspirações. Punham nelas tudo aquilo que tinham de bom, de elevado e nobre nas suas almas. As catedrais representavam uma meta altíssima, infinitamente superior à vida que os homens levavam. Eram um ideal e um compromisso.
A arte, a beleza, não dá conta do presente, das nossas carências, das nossas necessidades práticas. É infinitamente mais rica, porque descreve a nossa alma em toda a sua complexidade, os seus tormentos, as suas dúvidas, a sua fé, as suas aspirações. Mostra como queremos viver, o que queremos ser. lembra-nos aquilo em nos podemos tornar.
A arte é um caminho que traçamos à nossa frente, um caminho de perfeição, um ensinamento, uma advertência, uma ordem, uma chamada.
A grandiosidade e a beleza das catedrais medievais, dizem-nos que os seus poucos habitantes , tinham uma energia desmesurada, um imenso potencial de crescimento. Dizem-nos que neles já existia um embrião, aquilo que o Ocidente haveria de realizar nos séculos futuros.
Mas a arte, dá-nos algo mais. a experiência que vivemos ao ver ou visitar uma destas catedrais , mesmo que se tenham passado centenas de milhares de anos, ainda que aquele determinado tipo de sociedade tenha desaparecido, ela consegue ainda orientar-nos, fornecer-nos metas e valores. E, o mesmo é válido para os monumentos distantes da nossa sensibilidade ou da nossa crença, como sejam as pirâmides, ou a grande mesquita de Córdoba, que nos transmitem uma energia, uma inspiração, uma potência criativa intemporal, genericamente humana e universal.
Quando uma sociedade renuncia à arte, à beleza, para se adaptar apenas às exigências do presente, ao lucro económico, ao puro cálculo financeiro, ao prazer físico,quer dizer que perdeu a sua riqueza interior, o seu impulso vital. Perdeu a sua alma, logo o seu futuro e já não sabe para onde ir. Quer dizer que o seu tempo de vida é muito curto.
Do livro " Esperança " de Francesco Alberoni
Escrito por Manuela Pinheiro
A arte é uma materialização da esperança.
Os povos que criaram a beleza,escolheram o valor, o ideal de si próprios, sacrificando aquilo que é útil, imediato e contingente.
Pensemos nas cidades medievais do século XIII , por exemplo. Hoje em dia não lhes chamaríamos sequer cidades, mas aldeias ou vilas, porque não tinham mais que cinco, dez mil habitantes.
Aquelas cidades possuíam um castelo, poucos palacetes, muitos casebres, alguns ainda com telhados cobertos de colmo, vias estreitas , mal cheirosas, sem esgotos. No entanto ao centro eis que se ergue uma enorme e magnífica catedral de pedra, de cem metros de altura com pináculos que se elevam ao céu. Monumentos admiráveis que ainda hoje nos fascinam e nos transmitem emoções profundas.
Há uma enorme desproporção entre estas construções e as que os mesmos homens faziam para si, para as suas necessidades do quotidiano.
Nas catedrais materializavam toda a sua energia, a sua criatividade, os seus receios, as suas esperanças, as suas aspirações. Punham nelas tudo aquilo que tinham de bom, de elevado e nobre nas suas almas. As catedrais representavam uma meta altíssima, infinitamente superior à vida que os homens levavam. Eram um ideal e um compromisso.
A arte, a beleza, não dá conta do presente, das nossas carências, das nossas necessidades práticas. É infinitamente mais rica, porque descreve a nossa alma em toda a sua complexidade, os seus tormentos, as suas dúvidas, a sua fé, as suas aspirações. Mostra como queremos viver, o que queremos ser. lembra-nos aquilo em nos podemos tornar.
A arte é um caminho que traçamos à nossa frente, um caminho de perfeição, um ensinamento, uma advertência, uma ordem, uma chamada.
A grandiosidade e a beleza das catedrais medievais, dizem-nos que os seus poucos habitantes , tinham uma energia desmesurada, um imenso potencial de crescimento. Dizem-nos que neles já existia um embrião, aquilo que o Ocidente haveria de realizar nos séculos futuros.
Mas a arte, dá-nos algo mais. a experiência que vivemos ao ver ou visitar uma destas catedrais , mesmo que se tenham passado centenas de milhares de anos, ainda que aquele determinado tipo de sociedade tenha desaparecido, ela consegue ainda orientar-nos, fornecer-nos metas e valores. E, o mesmo é válido para os monumentos distantes da nossa sensibilidade ou da nossa crença, como sejam as pirâmides, ou a grande mesquita de Córdoba, que nos transmitem uma energia, uma inspiração, uma potência criativa intemporal, genericamente humana e universal.
Quando uma sociedade renuncia à arte, à beleza, para se adaptar apenas às exigências do presente, ao lucro económico, ao puro cálculo financeiro, ao prazer físico,quer dizer que perdeu a sua riqueza interior, o seu impulso vital. Perdeu a sua alma, logo o seu futuro e já não sabe para onde ir. Quer dizer que o seu tempo de vida é muito curto.
Do livro " Esperança " de Francesco Alberoni
Escrito por Manuela Pinheiro
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