Marisa Monte cantou, “eu sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todo mundo me quer bem”, refletindo uma época das nossas vidas de vivências intensas.
O tempo passa e a gente vai deixando de querer ser de todo mundo, preferindo ser de alguém, buscando um único sorriso, um olhar em particular, o melhor abraço que possa nos conter para a gente se deixar ficar, na nossa pessoa especial . Nós.
Parece que a maturidade nos deixa mais selectivos, também com poucas opções, é verdade. Ou será que somos nós que já não nos permitimos os excessos de antes? Talvez as duas coisas, tudo junto e misturado, mais seguros, experientes, porém, menos inconsequentes, mais situações possíveis, uma vida mais enxuta.
Vamos percebendo ao longo da vida a valorizar os detalhes, a conversa boa, a nossa agradável, companhia, os projectos possíveis, o sonhos reais, a vida mais simples, o afecto sincero, o carinho suave, o cuidado sem interesse, o amor tranquilo, a paixão controlada.
Antes a gente queria virar a noite, com o tempo preferimos a nossa cama e sonhamos com um abraço quente pela manhã, um beijo com sabor de hortelã e café, um bom dia sereno e um rosto ameno para nos dar coragem de seguir adiante.
Antes queriamos fazer tudo como todo mundo,fazer parte, estar incluído em tudo, não perder nada, depois, acalmamos os impulsos, ficamos calmos, de silêncio forte, pra esquecer a semana, para curtir o outro, pra olhar nos olhos e segurar a mão, sorrir e pronto.
Mas a gente precisa da vida veloz, para ir desacelerando aos poucos, antes o importante era chegar, ir, com o tempo o que importa é aproveitar a viagem, curtir a paisagem, a conversa pelo caminho, a experiência da vivência.
Meio que me sinto velho, encontro prazer no pouco, estou no ritmo lento, no caminhar seguro, no olhar terno, buscando o prazer do detalhe, da vida possível, já vivi o antes, agora escolho os passos calmos do depois, com prudência e esperança.