domingo, 27 de dezembro de 2009
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
domingo, 20 de dezembro de 2009
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
Cimeira de Copenhaga
A mudança climática afecta todo o planeta. Nove em cada dez catástrofes registadas são relacionadas com o clima. O aumento das temperaturas, as inundações cada vez mais frequentes, as secas e as tempestades afectam o quotidiano e a vida de milhões de pessoas. Estas incidências geram um cenário de recursos financeiros e insegurança alimentar cada vez mais catastrófico.
Os governos mundiais estão reunidos em Copenhaga, na Dinamarca, para responder a um dos maiores desafios enfrentados pela humanidade. A questão principal é como proteger o planeta e criar uma economia verde que leve à prosperidade a longo prazo
Alcançar um acordo até ao final da reunião, que termina no dia 18 de Dezembro, vai depender não só da complexa negociação política, mas também da pressão da opinião pública em todo o planeta.
As Nações Unidas lançaram o seguinte mote: Seal The Deal (selar o negócio), campanha que incentiva os internautas de todo o mundo a subscrever uma petição global que será apresentada pela sociedade civil aos governos do mundo.
A petição irá servir como um lembrete para que todos os líderes negociem um acordo justo, equilibrado e eficaz, em Copenhaga, e que selem um acordo que promova o crescimento verde, proteja o nosso planeta e construa um mundo mais sustentável, próspero economicamente e global que beneficiará todas as nações e povos.
Não há tempo a perder: faz o teu voto e sela o negócio!
Assine a petição e consulte o sítio da campanha aqui.
Os governos mundiais estão reunidos em Copenhaga, na Dinamarca, para responder a um dos maiores desafios enfrentados pela humanidade. A questão principal é como proteger o planeta e criar uma economia verde que leve à prosperidade a longo prazo
Alcançar um acordo até ao final da reunião, que termina no dia 18 de Dezembro, vai depender não só da complexa negociação política, mas também da pressão da opinião pública em todo o planeta.
As Nações Unidas lançaram o seguinte mote: Seal The Deal (selar o negócio), campanha que incentiva os internautas de todo o mundo a subscrever uma petição global que será apresentada pela sociedade civil aos governos do mundo.
A petição irá servir como um lembrete para que todos os líderes negociem um acordo justo, equilibrado e eficaz, em Copenhaga, e que selem um acordo que promova o crescimento verde, proteja o nosso planeta e construa um mundo mais sustentável, próspero economicamente e global que beneficiará todas as nações e povos.
Não há tempo a perder: faz o teu voto e sela o negócio!
Assine a petição e consulte o sítio da campanha aqui.
sábado, 21 de novembro de 2009
Ofereço uma rosa
Ofereço uma rosa A quem me perfumou A quem me deu sentido A quem me fez bem.
Ofereço uma rosa Aos que sorriram e comigo partilharam emoções Aos que fizeram da minha existência uma subida de admirar corações Ofereço uma rosa Aos nobres do sentir Aos ricos do viver e do saber e aos imperadores do amor Ofereço uma rosa Aos que simplesmente foram amigos Que meigamente fizeram do silêncio sair sons mas que cantaram comigo Que me olharam e sentiram sem atraiçoar. Ofereço uma rosa Àqueles que foram um porto e fizeram também de mim um cristalino, pacífico e seguro porto de abrigo. Obrigada a todos. Bem hajam.
ManuelaPinheiro – 2008/2009 (rda)
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
Sabrosa - Alto Douro e alguém que vale bem a pena lembrar aqui nos meus blogues o bisavô dos meus queridos filhos O Dr Joaquim Pinheiro
Sabrosa vai ter um núcleo museológico dedicado ao combate à filoxera Em Provezende, cuja candidatura foi entregue. A escolha da aldeia vinhateira de Provesende para a instalação do núcleo do Museu do Douro referente ao combate à filoxera deve-se ao facto de ter sido a partir desta aldeia que se susteve a progressão da devastação das vinhas do Douro. Foi o DrJoaquim Pinheiro de Azevedo Leite Pereira, um dos maiores proprietários da região e residente em Provesende - Sabrosa, que, depois de aturados estudos e vários ensaios, realizados em colaboração com os cientistas e viticultores franceses Jules–Émile Planchon, Jules Lichtenstein e Léo Laliman, promoveu a introdução no Douro de uma variedade de videira americana para uso como porta-enxertos. Ao fazê-lo, foi o verdadeiro pioneiro na introdução em Portugal da enxertia de castas tradicionais portuguesas sobre porta-enxertos americanos, travando-se assim a devastação das vinhas durienses pela filoxera. O processo foi rapidamente seguido em outras regiões vinhateiras portuguesas, o que deu à sua acção relevo nacional.A importância da acção de Joaquim Pinheiro de Azevedo Leite Pereira foi já assinalada aquando da exposição sobre a filoxera promovida pela Comissão Instaladora do Museu do Douro em 2002, tendo sido aproveitada a ocasião para lhe erigir um busto junto da Casa do Santo de que foi proprietário e onde nasceu e morreu. A acção deste a quem chamam o “salvador do Douro” foi muito para além da mera importação das cepas americanas. Joaquim Pinheiro criou em Provesende uma escola onde se ensinava patologia vegetal, ampelografia e vitivinicultura e se fazia a formação de podadores para as vinhas. Foi esta escola e os ensinamentos por si ministrados que permitiu a formação de formadores, como hoje se diria, que percorreram a região ensinando as novas técnicas que permitiram combater a filoxera. Joaquim Pinheiro, para contrabalançar a desorientação e desânimo geral que reinava entre os governantes e os viticultores do Douro face à devastação causada pela filoxera, foi ainda um dos principais impulsionadores da fundação da primeira Realvinícola do Norte de Portugal.
O museu será instalado num lagar tradicional situado no interior da aldeia, o que hoje em dia constitui uma raridade no Douro. No século XIX, com a criação das grandes quintas, foram deslocadas para fora dos núcleos urbanos a maior parte das grandes infraestruturas agrícolas. A maioria dos lagares que estavam construídos nas aldeias acabaram por perder utilidade e, por isso, foram na sua maioria destruídos para dar lugar a edifícios de habitação. O lagar onde será instalado o núcleo museológico tem a particularidade de não só ter chegado aos dias de hoje como não ter sido objecto de alterações, mantendo-se intacta a sua estrutura inicial do século XVIII. Ao ter estado integrado numa grande propriedade agrícola, é um espaço bastante amplo que dispõe de vários lagares, para além de vestígios de um sistema de aquecimento para precipitar a fermentação que tem despertado a maior curiosidade de vários especialistas. Estes sistemas rareiam e a maior parte dos que ainda existem datam do século XIX, ou seja, são bastante posteriores. Outra das razões que levam à escolha deste espaço deve-se à sua localização. O lagar encontra-se junto à casa onde viveu e morreu José Pinheiro de Azevedo Leite Pereira, o que só por si valoriza mais o papel daquele que foi o grande impulsionador do combate à filoxera. Por outro lado, o lagar está situado no limite da área contemplada pelo plano de pormenor da aldeia, no lado oposto à entrada de Provesende. Ou seja, a visita ao núcleo museológico obrigará os visitantes a percorrerem a maior parte do núcleo histórico agora reabilitado. Assim como obrigará quem visita o Douro a deslocar-se a Provezende.Esta iniciativa faz parte da estratégia da Câmara Municipal de Sabrosa, apostada em valorizar o vasto património da aldeia vinhateira de Provezende e em atraír turistas que possam constituir um forte contributo para o seu desenvolvimento económico. In semanário Notícias do Douro
O museu será instalado num lagar tradicional situado no interior da aldeia, o que hoje em dia constitui uma raridade no Douro. No século XIX, com a criação das grandes quintas, foram deslocadas para fora dos núcleos urbanos a maior parte das grandes infraestruturas agrícolas. A maioria dos lagares que estavam construídos nas aldeias acabaram por perder utilidade e, por isso, foram na sua maioria destruídos para dar lugar a edifícios de habitação. O lagar onde será instalado o núcleo museológico tem a particularidade de não só ter chegado aos dias de hoje como não ter sido objecto de alterações, mantendo-se intacta a sua estrutura inicial do século XVIII. Ao ter estado integrado numa grande propriedade agrícola, é um espaço bastante amplo que dispõe de vários lagares, para além de vestígios de um sistema de aquecimento para precipitar a fermentação que tem despertado a maior curiosidade de vários especialistas. Estes sistemas rareiam e a maior parte dos que ainda existem datam do século XIX, ou seja, são bastante posteriores. Outra das razões que levam à escolha deste espaço deve-se à sua localização. O lagar encontra-se junto à casa onde viveu e morreu José Pinheiro de Azevedo Leite Pereira, o que só por si valoriza mais o papel daquele que foi o grande impulsionador do combate à filoxera. Por outro lado, o lagar está situado no limite da área contemplada pelo plano de pormenor da aldeia, no lado oposto à entrada de Provesende. Ou seja, a visita ao núcleo museológico obrigará os visitantes a percorrerem a maior parte do núcleo histórico agora reabilitado. Assim como obrigará quem visita o Douro a deslocar-se a Provezende.Esta iniciativa faz parte da estratégia da Câmara Municipal de Sabrosa, apostada em valorizar o vasto património da aldeia vinhateira de Provezende e em atraír turistas que possam constituir um forte contributo para o seu desenvolvimento económico. In semanário Notícias do Douro
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
O Poder do Olhar
O OLHAR… É ATRAVÉS DO OLHAR QUE ENXERGAMOS O CORAÇÃO. O OLHAR É A JANELA DA ALMA . O OLHAR PENETRA A ALMA É SEDUÇÃO... É DESEJO, É COMUNICAÇÃO ENTRE O CORPO E A RAZÃO…
"Os olhos conversam tanto quanto as línguas que utilizamos, com a vantagem de que o dialeto ocular, embora não precise de dicionário, é entendido no mundo todo". (Ralph Wando Emerson)
"Os olhos conversam tanto quanto as línguas que utilizamos, com a vantagem de que o dialeto ocular, embora não precise de dicionário, é entendido no mundo todo". (Ralph Wando Emerson)
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
O mundo felicita Barack Obama pelo Nobel da Paz e reconhece-o como símbolo universal.
Barack Obama vai doar o Prémio Nobel, no valor de 1,4 milhões de dólares para a caridade, anunciou a porta-voz do presidente dos EUA.
A notícia causou surpresa, mas os parabéns foram enviados de todas as partes do mundo logo depois ao anúncio do Prémio Nobel da Paz concedido a Barack Obama, com a maioria dos votos de felicitações acompanhado do desejo de que o prêmio incentive o presidente americano a intensifcar os esforços pela paz no mundo.
A notícia causou surpresa, mas os parabéns foram enviados de todas as partes do mundo logo depois ao anúncio do Prémio Nobel da Paz concedido a Barack Obama, com a maioria dos votos de felicitações acompanhado do desejo de que o prêmio incentive o presidente americano a intensifcar os esforços pela paz no mundo.
"O presidente Obama personifica o novo espírito de diálogo e compromisso com os principais problemas do mundo: mudança climática, desarmamento nuclear e um amplo leque de desafios à paz e segurança".
Uma recompensa bem merecida que me deixa felicíssima, foi entregue a Barack Obama pelo seu decidido compromisso pela defesa dos direitos humanos, da justiça e da propagação da paz no mundo. Obama diz-se surpreendido e muito honrado. Grande Senhor do Mundo este, que todos devemos louvar. Pela parte que me toca aqui deixo o meu contributo, como não podia deixar de o fazer.
Bom fim de semana.
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
Há dois Douros
(Há um Douro de aparência, de eventos, de próspera superficialidade, e há o Douro profundo, da ruralidade, hoje palco da miséria, do desemprego, da falência da vinicultura. Julga o Douro da aparência que consegue sobreviver sem a solidez do Douro profundo. E os novos barões do Douro, emissários dos caprichos da capital e subservientes à ladroagem comercial do Porto, cá andam felizes e contentes a atirar-nos areia aos olhos com manobras de diversão. Se o Douro profundo cair, o da aparência pouco mais durará)
Quem passa por esta Vale Encantado e olha para a sua beleza rude, deliciando-se com memórias de géneses que são comuns a todos, e espraia o pensamento na melancolia arrepiante das suas auroras ou pores-do-sol; quem pára e repara na brisa evocativa que, quase sempre, dança entre o rio e a encosta como uma bailarina ao som das vozes de cantadeiras que pairam nas recordações imperceptíveis que só a alma discorre, não sabe que o Douro que vê não é só um. A sua unicidade e solidez está quebrada por anos de incúria, incompetência e desrespeito à sua essência. Há dois Douros: o que se vê e que se ouve, e um outro que anda escondido na vergonha própria e no silêncio a que o obrigam os castradores do futuro.O Douro nunca foi terra pacífica, pois nela sempre se ergueram combates: contra a prepotência do Poder, contra a doença de homens e vinha, contra a serra agreste, o rio violento, contra a miséria que escravizou gerações.
Mas o Douro teve sempre uma alma que, apesar das machadadas, nunca se rasgou. Vai-se rasgando agora, à custa de modernidades mais empedernidas e balofas que o verdete ancestral das nascentes cobertas pelos silvados. Há um Douro que brilha nas capas das revistas da moda, que vem no catálogo dos bens da Humanidade, que resplandece nos eventos fúteis que meia dúzia de barões, políticos há séculos agarrados à gamela, lhe proporcionam, mais a olharem para os próprios umbigos do que para o Vale. Vale que os sustenta na ambição, na vaidade, no poder, nos salários chorudos e nas reformas imerecidas que os esperam. O Douro sempre assim foi: generoso para com quem lhe seca as tetas, e carrasco para quem o trata com seriedade. E é essa gente, que existe porque o Douro existe, que sobrevive porque o Douro lhes paga, que – no ripanço da mordomia, fazendo que faz – lhe tenta dar essa imagem irreal e desvirtuada. E quem vai nesta cantiga, chega a convencer-se que o paraíso pousou aqui. A fachada é de tal ordem, densa e protegida, o cambão dos interesses políticos é tão cerrado, que é muito difícil descobrir o outro lado do Douro, o verdadeiro, aquele que ainda luta para que o sustentáculo da sua razão de ser não se desmorone na tragédia que querem ocultar.
É o Douro do desemprego rural, da gente que anda há meses com o corpo curtido do sol sem receber salário, dos pequenos agricultores que são fustigados dia-a-dia com cartas do Banco a reclamar débitos, dos lavradores que têm de se governar com os preços das suas produções a reduzirem-se à ínfima e os custos das mesmas a dispararem. E há também a queda da Casa do Douro – ainda há anos o grande pilar da região e suporte dessa coisa linda que se chamou interprofissionalismo – a desabar debaixo dos torpes ataques de governos incapazes, de ministros vingativos e de um Comércio cego que há-de ser vítima dos lobos que soltou. Este é o lado obscuro do Douro, o lado que os tais barões tentam encobrir, porque desvendá-los, é denunciar também a sua incompetência em resolver os problemas a que se comprometeram dar solução, é bradar aos céus pela incúria com que vestem um Douro de fato novo mesmo sabendo que as ceroulas estão rotas e puídas, é acusá-los de vendilhões num templo onde a actividade vinícola foi arrasada do altar.
Como se o Douro pudesse existir sem a vinha, sem os seus muros de xisto, sem os seus socalcos tratados. Como se houvesse alguma viabilidade para todo o resto – seja ele qual for – se este Douro tricentenário de escadarias, caísse em ruínas!Como uma velha beladona que trata com minúcia das rusgas, usando cremes e tratamentos caros e de eficácia duvidosa, assim é o Douro, que anda preocupado com a aparência, mesmo sabendo que, por dentro, tem os órgãos vitais a apodrecer. E o Douro serve para tudo: até para acolher políticos fracassados, escorraçados de Lisboa, e que há muito deviam ter regressado às suas profissões de origem mas que, por via do tal Douro generoso, ainda se mantêm em funções fazendo da tal política a sua profissão e do Douro a fonte de rendimento.
São esses que o pintam de dourado e a quem convém esconder esse lado trágico e negro do Douro. Desse obscurantismo dependem o seu futuro político, os seus tachos, a sua influência, a doce vida de andar a vender tretas sem pregar prego nem estopa.E olham, com olhar de cordeiro que mascara o do crocodilo, o roubo de um cadastro, como se o mesmo fosse obra de um acaso e não custasse gerações de trabalho, numa apropriação que transforma o Governo que pariu a Lei, num bandido pior que um salteador de estrada. Não é nada com eles, os barões do Douro, emissários zelosos de Lisboa, curvados em vénia permanente aos mandantes da capital, que medem o Douro pelos arráteis de ignorância que lhes preenche o cérebro. Querem fazer do Douro o que ele não é. Querem transformá-lo à mercê dos interesses que o querem descarnar.
Mas desiludam-se, que a terra é curta mas Deus é grande! E o deus do Douro não perdoa. Destruam a raiz ao Douro e depois queixem-se que por lá não medra nem vinha, nem oliveira, nem pomar, nem hotel, nem golfe, nem passeatas no rio, nem nada! O Douro sem a vinha e o assento que a sustenta, não é nada! É um monte com um rio em baixo, como muitos outros montes com rios em baixo!Julgam-no inesgotável, como julgavam o mar. Mas não é assim. O Douro tem que ser trabalhado todos os dias. O Douro vinícola tem que ser foco das atenções todas as horas. Porque, se não o for, tudo o resto acabará.Continuem a cuidar da aparência do Douro e não lhe tratem da essência, e depois verão no que dá essa insensatez.
por Francisco Gouveia, Eng.º in Noticias do Douro
Quem passa por esta Vale Encantado e olha para a sua beleza rude, deliciando-se com memórias de géneses que são comuns a todos, e espraia o pensamento na melancolia arrepiante das suas auroras ou pores-do-sol; quem pára e repara na brisa evocativa que, quase sempre, dança entre o rio e a encosta como uma bailarina ao som das vozes de cantadeiras que pairam nas recordações imperceptíveis que só a alma discorre, não sabe que o Douro que vê não é só um. A sua unicidade e solidez está quebrada por anos de incúria, incompetência e desrespeito à sua essência. Há dois Douros: o que se vê e que se ouve, e um outro que anda escondido na vergonha própria e no silêncio a que o obrigam os castradores do futuro.O Douro nunca foi terra pacífica, pois nela sempre se ergueram combates: contra a prepotência do Poder, contra a doença de homens e vinha, contra a serra agreste, o rio violento, contra a miséria que escravizou gerações.
Mas o Douro teve sempre uma alma que, apesar das machadadas, nunca se rasgou. Vai-se rasgando agora, à custa de modernidades mais empedernidas e balofas que o verdete ancestral das nascentes cobertas pelos silvados. Há um Douro que brilha nas capas das revistas da moda, que vem no catálogo dos bens da Humanidade, que resplandece nos eventos fúteis que meia dúzia de barões, políticos há séculos agarrados à gamela, lhe proporcionam, mais a olharem para os próprios umbigos do que para o Vale. Vale que os sustenta na ambição, na vaidade, no poder, nos salários chorudos e nas reformas imerecidas que os esperam. O Douro sempre assim foi: generoso para com quem lhe seca as tetas, e carrasco para quem o trata com seriedade. E é essa gente, que existe porque o Douro existe, que sobrevive porque o Douro lhes paga, que – no ripanço da mordomia, fazendo que faz – lhe tenta dar essa imagem irreal e desvirtuada. E quem vai nesta cantiga, chega a convencer-se que o paraíso pousou aqui. A fachada é de tal ordem, densa e protegida, o cambão dos interesses políticos é tão cerrado, que é muito difícil descobrir o outro lado do Douro, o verdadeiro, aquele que ainda luta para que o sustentáculo da sua razão de ser não se desmorone na tragédia que querem ocultar.
É o Douro do desemprego rural, da gente que anda há meses com o corpo curtido do sol sem receber salário, dos pequenos agricultores que são fustigados dia-a-dia com cartas do Banco a reclamar débitos, dos lavradores que têm de se governar com os preços das suas produções a reduzirem-se à ínfima e os custos das mesmas a dispararem. E há também a queda da Casa do Douro – ainda há anos o grande pilar da região e suporte dessa coisa linda que se chamou interprofissionalismo – a desabar debaixo dos torpes ataques de governos incapazes, de ministros vingativos e de um Comércio cego que há-de ser vítima dos lobos que soltou. Este é o lado obscuro do Douro, o lado que os tais barões tentam encobrir, porque desvendá-los, é denunciar também a sua incompetência em resolver os problemas a que se comprometeram dar solução, é bradar aos céus pela incúria com que vestem um Douro de fato novo mesmo sabendo que as ceroulas estão rotas e puídas, é acusá-los de vendilhões num templo onde a actividade vinícola foi arrasada do altar.
Como se o Douro pudesse existir sem a vinha, sem os seus muros de xisto, sem os seus socalcos tratados. Como se houvesse alguma viabilidade para todo o resto – seja ele qual for – se este Douro tricentenário de escadarias, caísse em ruínas!Como uma velha beladona que trata com minúcia das rusgas, usando cremes e tratamentos caros e de eficácia duvidosa, assim é o Douro, que anda preocupado com a aparência, mesmo sabendo que, por dentro, tem os órgãos vitais a apodrecer. E o Douro serve para tudo: até para acolher políticos fracassados, escorraçados de Lisboa, e que há muito deviam ter regressado às suas profissões de origem mas que, por via do tal Douro generoso, ainda se mantêm em funções fazendo da tal política a sua profissão e do Douro a fonte de rendimento.
São esses que o pintam de dourado e a quem convém esconder esse lado trágico e negro do Douro. Desse obscurantismo dependem o seu futuro político, os seus tachos, a sua influência, a doce vida de andar a vender tretas sem pregar prego nem estopa.E olham, com olhar de cordeiro que mascara o do crocodilo, o roubo de um cadastro, como se o mesmo fosse obra de um acaso e não custasse gerações de trabalho, numa apropriação que transforma o Governo que pariu a Lei, num bandido pior que um salteador de estrada. Não é nada com eles, os barões do Douro, emissários zelosos de Lisboa, curvados em vénia permanente aos mandantes da capital, que medem o Douro pelos arráteis de ignorância que lhes preenche o cérebro. Querem fazer do Douro o que ele não é. Querem transformá-lo à mercê dos interesses que o querem descarnar.
Mas desiludam-se, que a terra é curta mas Deus é grande! E o deus do Douro não perdoa. Destruam a raiz ao Douro e depois queixem-se que por lá não medra nem vinha, nem oliveira, nem pomar, nem hotel, nem golfe, nem passeatas no rio, nem nada! O Douro sem a vinha e o assento que a sustenta, não é nada! É um monte com um rio em baixo, como muitos outros montes com rios em baixo!Julgam-no inesgotável, como julgavam o mar. Mas não é assim. O Douro tem que ser trabalhado todos os dias. O Douro vinícola tem que ser foco das atenções todas as horas. Porque, se não o for, tudo o resto acabará.Continuem a cuidar da aparência do Douro e não lhe tratem da essência, e depois verão no que dá essa insensatez.
por Francisco Gouveia, Eng.º in Noticias do Douro
domingo, 20 de setembro de 2009
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