Para sonhar o que poucos ousaram sonhar. Para realizar aquilo que já te disseram que não podia ser feito. Para alcançar a estrela inalcançável.
Essa será a tua tarefa: alcançar essa estrela. Sem quereres saber quão longe ela se encontra; nem de quanta esperança necessitarás; nem se poderás ser maior do que o teu medo.
Apenas nisso vale a pena gastares a tua vida.
Para carregar sobre os ombros o peso do mundo. Para lutar pelo bem sem descanso e sem cansaço. Para enxugar todas as lágrimas ou para lhes dar um sentido luminoso.
Levarás a tua juventude a lugares onde se pode morrer, porque precisam lá de ti. Pisarás terrenos que muitos valentes não se atreveriam a pisar. Partirás para longe, talvez sem saíres do mesmo lugar.
Para amar com pureza e castidade. Para devolver à palavra “amigo” o seu sabor a vento e rocha. Para ter muitos filhos nascidos também do teu corpo e – ou – muitos mais nascidos apenas do teu coração.
Para dar de novo todo o valor às palavras dos homens. Para descobrir os caminhos que há no ventre da noite. Para vencer o medo.
Não medirás as tuas forças. O anjo do bem te levará consigo, sem permitir que os teus pés se magoem nas pedras. Ele, que vigia o sono das crianças e coloca nos seus olhos uma luz pura que apetece beijar, é também guerreiro forte.
Verás a tua mão tocar rochedos grandes e fazer brotar deles água verdadeira. Olharás para tudo com espanto. Saberás que, sendo tu nada, és capaz de uma flor no esterco e de um archote no escuro.
Para sofrer aquilo que não sabias ser capaz de sofrer. Para viver daquilo que mata. Para saber as cores que existem por dentro do silêncio.
Continuarás quando os teus braços estiverem fatigados. Olharás para as tuas cicatrizes sem tristeza. Tu saberás que um homem pode seguir em frente apesar de tudo o que dói, e que só assim é homem.
Para gritar, mesmo calado, os verdadeiros nomes de tudo. Para tratar como lixo as bugigangas que outros acariciam. Para mostrar que se pode viver de luar quando se vai por um caminho que é principalmente de cor e espuma. Levantarás do chão cada pedra das ruínas em que transformaram tudo isto. Uma força que não é tua nos teus braços. Beijá-las-ás e voltarás a pô-las nos seus lugares. Para ir mais além.
Para passar cantando perto daqueles que viveram poucos anos e já envelheceram. Para puxar por um braço, com carinho, esses que passam a tarde sentados em frente de uma cerveja. Dirás até ao último momento: «ainda não é suficiente». Disposto a ir às portas do abismo salvar uma flor que resvalava. Disposto a dar tudo pelo que parece ser nada. Disposto a ter contigo dores que são semente de alegrias talvez longe. Para tocar o intocável. Para haver em ti um sorriso que a morte não te possa arrancar. Para encontrar a luz de cuja existência sempre suspeitaste.
Para alcançar a estrela inalcançável.
(In Notícias do Douro Edição de 16-03-2007)
SECÇÃO: Cultura e Lazer
quinta-feira, 29 de março de 2007
quarta-feira, 28 de março de 2007
Douro, o Passado e o Presente
As Horas do Douro”, um filme que ilustra e conta a Região, ao ritmo das suas vinhas e dos seus vinhos. No passado dia 01 de Março, António Barreto deslocou-se ao El Corte Inglês de Vila Nova de Gaia para, falar da História do Douro e dos seus vinhos, em terras que descreveu como capazes de escrever “pergaminhos formidáveis da história do Douro”, a região que tanto ama e abraça, a ponto de estar a preparar um filme, intitulado “As Horas do Douro”, inspirado nos Livros de Horas Medievais, com a finalidade de “contar a região, que vive ao ritmo das suas vinhas e dos seus vinhos”.
.... Outros há que, na opinião do orador, na defesa de uma “modernidade sem inteligência”, se preparam para esquartejar e retalhar o Douro, fazendo-o atravessar de novas e rápidas auto-estradas.
São, também, alguns daqueles que Barreto classifica como os que, à procura de fortuna rápida, “tudo fariam para construir sem rei nem roque e para semear os socalcos de hotéis e divertimentos sem ordenamento”. Há, ainda, uma última classe, a do Poder Político que, na perspectiva do mesmo, está “disponível para deixar morrer o edifício institucional da região”, permitindo que desapareça também “a disciplina e a regra”. Ora, uma breve alusão ao Douro, que precisa de disciplina e regras, conforme veremos mais adiante.
Mas, falar do Douro, sem falar de vinho – especialmente do Vinho do Porto – não teria muita lógica, mesmo para a plateia que se deslocou até ao El Corte Inglês. Assim, António Barreto, abordou a Região numa vivência intrínseca, comandada, ao ritmo do vinho e da vinha.
Falando do Vinho do Porto enquanto produto natural (aquele para o qual a natureza deu especial contributo e que tem na sua constituição o código genético de uma região, da natureza, do clima, dos solos), exclusivo do Douro, António Barreto quis prestar uma honrosa homenagem aos Homens que, ao longo de décadas, souberam fazer esse produto. Um produto “feito pelo homens. E refeito. E rei ventado”, como o mesmo fez questão de frisar. Um produto que nasceu à custa da labuta “dos lavradores, dos Galegos, dos assalariados rurais, dos comerciantes, dos holandeses e dos ingleses”, de uma panóplia de gente tão vasta e diversa quanto o seu valor e reconhecimento: desde clientes que o beberam, técnicos e enólogos que o fizeram, políticos e autarcas, entre muitos e muitos outros que gastaram vidas a favor da conquista de dimensão do “néctar dos deuses”.
Mas o Douro mudou. Como, de resto, o mundo também mudou. Já Luís de Camões havia alertado para tal facto quando escreveu que “todo o mundo é composto de mudança”. Mas, o Douro, com maior incidência, mudou mais e de forma mais radical nas últimas décadas do século XX, conforme o constata o agrónomo duriense Nuno Magalhães, acarretando consigo “profundas alterações à história da região e do seu vinho”. Alterações de que género? A mecanização, a carência de mão-de-obra, a mudança na estrutura de custos, a introdução de novas técnicas de cultura da vinha, a transformação dos processos de tratamento fitossanitário, a generalização de novos métodos de vinificação, as novas regras de comércio que finalmente admitiram que os produtores pudessem engarrafar e exportar, o enorme investimento em propriedades por parte das grandes casas comerciais, por exemplo, são exemplos claros de mudanças que, segundo Barreto, operaram “uma das maiores revoluções no Douro de toda a sua história”.
Tiveram mérito – talvez mérito seja pouco para sublevar a acção do Homem no Douro – os Durienses que moldaram, como se de artesãos se tratasse, a “paisagem natural (...) humana e feita pelos homens”. “Do rio domesticado às encostas em socalcos, das quintas aos armazéns, dos caminhos aos lagares, das oliveiras à amendoeiras, dos muros aos patamares e à vinha ao alto, tudo é feito pelo homem. Tudo, no Douro, é humano”. Embalados pela mudança, mas com consciência e respeito pelo valor legado, os homens, no Douro, souberam “aproveitar o melhor” que a Natureza lhes deu, ao ponto de serem “capazes de corrigir e transformar, sem destruir”. Criou-se, assim, uma “nova paisagem, sem destruir a natureza”. Em jeito de tributo a todos os Duriense que, de uma maneira ou de outra, souberam construir o que hoje temos a “olhos vistos”, Barreto deixou uma palavra de elogio por terem sabido “fazer o moderno, sem delapidar a herança”. Além de que “souberam produzir vinho para o mundo inteiro, estar na vanguarda das técnicas, da qualidade e do comércio, sem arruinar a sua singularidade”, sendo os primeiros no “comércio europeu e na economia global, sem perder carácter”, numa região que, comparativamente com outras estava até “pouco calhada para fazer vinho” frisou o mesmo.E o que é que trouxe a mudança?!
A mudança impôs que se procurasse para a Região “novas soluções para a economia”. Foi dentro deste contexto que começaram, então, a surgir “novos produtores de vinhos de qualidade”. Foi com o «empurrão» da mudança que “novos vinhos são conhecidos”. Barreto referiu que surgiram e se aperfeiçoaram, ao longo dos anos, novas experiências promissoras na organização e na produção, que mostram que “as potencialidades do Douro não se esgotam nos vinhos”. A seu ver, agrónomos, enólogos, empresários e lavradores uniram esforços para “diversificar a região, alargar horizontes, plantar novas vinhas nas terras altas e criar, dentro do Douro, novas denominações”. Não raro, vemos renovar quintas e armazéns, criar casas de Turismo, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto-Douro têm saído centenas de enólogos que têm ajudado a trazer “ciência e técnica (...) mordidos pela vontade de fazer vinhos, colaboram com os lavradores (...)”.
Mas, toda esta mudança, descambou em desnorteio? Sabe a Região qual o norte a seguir? Toda a evolução foi desregrada? A que classe de tipificação pertenciam, na enumeração acima, aqueles que evoluíram a Região? A resposta é fácil e inequívoca: nada aconteceu por acaso, sem norte, sem regras, sem disciplina, cabendo os homens do Douro num largo mosaico cultural, que a disciplina soube nortear, levando-os a pensar, tal como Dirk Niepoort que “o mais importante, no vinho, é a paciência”. Barreto encontra, assim, as palavras-chave do discurso: paciência para o Vinho, disciplina para os Homens, de modo a desenvolver o Douro e a salvá-lo, como o “salvou em tempos de crise”. E, através de que sinais se tem manifestado a disciplina? Em que se traduziu? António Barreto, com a lucidez própria que o caracteriza, rebusca a História do Douro e, em toda elas, encontra actos disciplinadores.
Desde logo, na demarcação geográfica de 1756, operada por Marquês de Pombal, que Barreto considera “um gesto de autoridade, mas acto visionário”, até porque só os vinhos produzidos ali podem ostentar designações de Douro e Porto. Como “a defesas de um produto implica o seu carácter e este só se garante se estiver definida a sua origem e as suas características”, António Barreto opinou no sentido de olhar a demarcação como uma parte da disciplina e foi dizendo que o mesmo também se aplica na produção. Depois, considera que a disciplina também se fez sentir nas regras comerciais, com uma definição de produtos, de preços e de circuitos, bem como no estabelecimento de uma autoridade institucional, política e económica. Ouve, ainda, regras na associação entre o Estado, os produtores, os comerciantes e os interesses locai, que permitiu, a seu ver, “a perenidade da organização e acatamento, nem sempre pacífico, da disciplina imposta”.
Houve disciplina na delimitação da região, na enumeração dos produtores e propriedades, com respectivos cadastros, na definição de quantidades a produzir, de modo a “evitar as grandes crises de superprodução e de degradação dos preços” e, assim, surgiu o que vulgarmente se designa de “benefício”, segundo o qual se estabelece o montante anual de Vinho do Porto a produzir e as quantidades que cada lavrador pode produzir.
O léxico disciplina parece não mais esgotar-se, se centrado na História do Douro. Barreto realçou que, mesmo no estabelecimento de requisitos técnicos (como a proibição de adição de baga de sabugueiro para dar cor aos vinhos, a proibição de adubação e estrumação das vinhas, por exemplo, ou a obrigatoriedade e a recomendação de plantar certas castas) e na criação de órgãos e instituições capazes de garantir quer a autoridade pública, quer a representatividade dos lavradores e comerciantes, disciplina esteve presente ciclicamente. “Em todos os grandes ciclos da história portuguesa, do despotismo ao constitucionalismo, da monarquia liberal às tentativas de poder real duro, da república ao corporativismo, os poderes públicos interessaram-se seriamente pelo Douro”, organizando e disciplinando a Região. António Barreto fez questão de esclarecer que, mesmo em períodos mais liberais, “alguma disciplina existiu”.
Foram, pois, a disciplina e as regras que trouxeram até nós esta região e estes vinhos e que permitiu definir os produtos e as suas características.
Perante tal organização e disciplina, António Barreto lançou o desafio: seremos nós capazes de, em democracia, reorganizar, de actualizar, mas de manter uma disciplina condutora? Acatemos, pois, tal repto! Da sua magnífica intervenção no El Corte Inglês, que maravilhou o público presente, quais as conclusões a tirar? Em jeito de síntese, Barreto deixou bem vincado que “sem autoridade, sem disciplina, sem regras, não há Região Demarcada, não há origem denominada, não há produto típico e original (que tem características próprias, que tem carácter, que serve de referência, que é um padrão)”.
Na linha de pensamento de Barreto, as empresas e os lavradores têm feito, por eles próprios, muito do que antigamente se esperou das entidades públicas. E esse será o caminho a trilhar! Para os mais cépticos, Barreto diz que basta atentar nas “melhores notícias que chegam do Douro” e ver que as mesmas têm, geralmente, “os lavradores como protagonistas, não o Estado, nem as Instituições”.
Eis, a título exemplificativo, algumas dessa boas-novas: níveis de exportação interessantes; aumento dos vinhos de qualidade; projecção internacional dos vinhos de qualidade, tanto do Porto como do Douro; expansão de práticas mais rigorosas no cultivo das vinhas e no fabrico do vinho; crescimento dos produtores engarrafadores; a crescente fixação das empresas comerciais exportadoras, que adquiriam, já, quintas e vinhas; o Douro como Património Mundial.
Porém, ainda nem tudo são “rosas”... António Barreto finalizou o seu discurso, dando conta de aspectos menos positivos, lacunas que terão de ser (obrigatoriamente) corrigidas, sob pena de se enfraquecer este Douro, envolto do tal “espectro da mudança”.Assim, referente a aspectos críticos, temos:
a)O grau de concentração empresarial nos Vinhos do Porto. Cinco grupos representam 70% a 80% de todo o comércio;
b)O gradual desaparecimento de empresas portuguesas exportadoras de vinhos;
c)Os baixos preços praticados nos vinhos comuns de média e de baixa qualidade;
d)A existência de grandes massas de vinhos de qualidade deficiente;
e)A deficiente gestão e a difícil situação económica das adegas cooperativas e a, ainda, muito deficiente formação profissional e técnica dos pequenos lavradores e das adegas cooperativas;
f)A fraqueza da representação social dos lavradores do Douro, nomeadamente dos pequenos agricultores.
g)O aparente desinteresse das autoridades e dos governos;
Estas e outras lacunas, levam a que Barreto “aponte o dedo” às “responsabilidades das entidades públicas, seja como causa, sem como omissão de acção”. E, então, perante este cenário mais crítico, o que fazer? Arregaçar as mangas, certamente.
A receita para ultrapassar todos estes aspectos, que Barreto considera “críticos”, não a dá... Até por considerar não ser “seguramente quem mais sabe” . Mas, usando da diligência e da sapiência que o caracterizam, sente como crucial a “necessidade de as autoridades estabelecerem um novo contrato com o sector dos vinhos do Douro e do Porto”, que desenvolva “os interesses locais, as comunidades e as autarquias”. ( in notíciasdodouro )
.... Outros há que, na opinião do orador, na defesa de uma “modernidade sem inteligência”, se preparam para esquartejar e retalhar o Douro, fazendo-o atravessar de novas e rápidas auto-estradas.
São, também, alguns daqueles que Barreto classifica como os que, à procura de fortuna rápida, “tudo fariam para construir sem rei nem roque e para semear os socalcos de hotéis e divertimentos sem ordenamento”. Há, ainda, uma última classe, a do Poder Político que, na perspectiva do mesmo, está “disponível para deixar morrer o edifício institucional da região”, permitindo que desapareça também “a disciplina e a regra”. Ora, uma breve alusão ao Douro, que precisa de disciplina e regras, conforme veremos mais adiante.
Mas, falar do Douro, sem falar de vinho – especialmente do Vinho do Porto – não teria muita lógica, mesmo para a plateia que se deslocou até ao El Corte Inglês. Assim, António Barreto, abordou a Região numa vivência intrínseca, comandada, ao ritmo do vinho e da vinha.
Falando do Vinho do Porto enquanto produto natural (aquele para o qual a natureza deu especial contributo e que tem na sua constituição o código genético de uma região, da natureza, do clima, dos solos), exclusivo do Douro, António Barreto quis prestar uma honrosa homenagem aos Homens que, ao longo de décadas, souberam fazer esse produto. Um produto “feito pelo homens. E refeito. E rei ventado”, como o mesmo fez questão de frisar. Um produto que nasceu à custa da labuta “dos lavradores, dos Galegos, dos assalariados rurais, dos comerciantes, dos holandeses e dos ingleses”, de uma panóplia de gente tão vasta e diversa quanto o seu valor e reconhecimento: desde clientes que o beberam, técnicos e enólogos que o fizeram, políticos e autarcas, entre muitos e muitos outros que gastaram vidas a favor da conquista de dimensão do “néctar dos deuses”.
Mas o Douro mudou. Como, de resto, o mundo também mudou. Já Luís de Camões havia alertado para tal facto quando escreveu que “todo o mundo é composto de mudança”. Mas, o Douro, com maior incidência, mudou mais e de forma mais radical nas últimas décadas do século XX, conforme o constata o agrónomo duriense Nuno Magalhães, acarretando consigo “profundas alterações à história da região e do seu vinho”. Alterações de que género? A mecanização, a carência de mão-de-obra, a mudança na estrutura de custos, a introdução de novas técnicas de cultura da vinha, a transformação dos processos de tratamento fitossanitário, a generalização de novos métodos de vinificação, as novas regras de comércio que finalmente admitiram que os produtores pudessem engarrafar e exportar, o enorme investimento em propriedades por parte das grandes casas comerciais, por exemplo, são exemplos claros de mudanças que, segundo Barreto, operaram “uma das maiores revoluções no Douro de toda a sua história”.
Tiveram mérito – talvez mérito seja pouco para sublevar a acção do Homem no Douro – os Durienses que moldaram, como se de artesãos se tratasse, a “paisagem natural (...) humana e feita pelos homens”. “Do rio domesticado às encostas em socalcos, das quintas aos armazéns, dos caminhos aos lagares, das oliveiras à amendoeiras, dos muros aos patamares e à vinha ao alto, tudo é feito pelo homem. Tudo, no Douro, é humano”. Embalados pela mudança, mas com consciência e respeito pelo valor legado, os homens, no Douro, souberam “aproveitar o melhor” que a Natureza lhes deu, ao ponto de serem “capazes de corrigir e transformar, sem destruir”. Criou-se, assim, uma “nova paisagem, sem destruir a natureza”. Em jeito de tributo a todos os Duriense que, de uma maneira ou de outra, souberam construir o que hoje temos a “olhos vistos”, Barreto deixou uma palavra de elogio por terem sabido “fazer o moderno, sem delapidar a herança”. Além de que “souberam produzir vinho para o mundo inteiro, estar na vanguarda das técnicas, da qualidade e do comércio, sem arruinar a sua singularidade”, sendo os primeiros no “comércio europeu e na economia global, sem perder carácter”, numa região que, comparativamente com outras estava até “pouco calhada para fazer vinho” frisou o mesmo.E o que é que trouxe a mudança?!
A mudança impôs que se procurasse para a Região “novas soluções para a economia”. Foi dentro deste contexto que começaram, então, a surgir “novos produtores de vinhos de qualidade”. Foi com o «empurrão» da mudança que “novos vinhos são conhecidos”. Barreto referiu que surgiram e se aperfeiçoaram, ao longo dos anos, novas experiências promissoras na organização e na produção, que mostram que “as potencialidades do Douro não se esgotam nos vinhos”. A seu ver, agrónomos, enólogos, empresários e lavradores uniram esforços para “diversificar a região, alargar horizontes, plantar novas vinhas nas terras altas e criar, dentro do Douro, novas denominações”. Não raro, vemos renovar quintas e armazéns, criar casas de Turismo, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto-Douro têm saído centenas de enólogos que têm ajudado a trazer “ciência e técnica (...) mordidos pela vontade de fazer vinhos, colaboram com os lavradores (...)”.
Mas, toda esta mudança, descambou em desnorteio? Sabe a Região qual o norte a seguir? Toda a evolução foi desregrada? A que classe de tipificação pertenciam, na enumeração acima, aqueles que evoluíram a Região? A resposta é fácil e inequívoca: nada aconteceu por acaso, sem norte, sem regras, sem disciplina, cabendo os homens do Douro num largo mosaico cultural, que a disciplina soube nortear, levando-os a pensar, tal como Dirk Niepoort que “o mais importante, no vinho, é a paciência”. Barreto encontra, assim, as palavras-chave do discurso: paciência para o Vinho, disciplina para os Homens, de modo a desenvolver o Douro e a salvá-lo, como o “salvou em tempos de crise”. E, através de que sinais se tem manifestado a disciplina? Em que se traduziu? António Barreto, com a lucidez própria que o caracteriza, rebusca a História do Douro e, em toda elas, encontra actos disciplinadores.
Desde logo, na demarcação geográfica de 1756, operada por Marquês de Pombal, que Barreto considera “um gesto de autoridade, mas acto visionário”, até porque só os vinhos produzidos ali podem ostentar designações de Douro e Porto. Como “a defesas de um produto implica o seu carácter e este só se garante se estiver definida a sua origem e as suas características”, António Barreto opinou no sentido de olhar a demarcação como uma parte da disciplina e foi dizendo que o mesmo também se aplica na produção. Depois, considera que a disciplina também se fez sentir nas regras comerciais, com uma definição de produtos, de preços e de circuitos, bem como no estabelecimento de uma autoridade institucional, política e económica. Ouve, ainda, regras na associação entre o Estado, os produtores, os comerciantes e os interesses locai, que permitiu, a seu ver, “a perenidade da organização e acatamento, nem sempre pacífico, da disciplina imposta”.
Houve disciplina na delimitação da região, na enumeração dos produtores e propriedades, com respectivos cadastros, na definição de quantidades a produzir, de modo a “evitar as grandes crises de superprodução e de degradação dos preços” e, assim, surgiu o que vulgarmente se designa de “benefício”, segundo o qual se estabelece o montante anual de Vinho do Porto a produzir e as quantidades que cada lavrador pode produzir.
O léxico disciplina parece não mais esgotar-se, se centrado na História do Douro. Barreto realçou que, mesmo no estabelecimento de requisitos técnicos (como a proibição de adição de baga de sabugueiro para dar cor aos vinhos, a proibição de adubação e estrumação das vinhas, por exemplo, ou a obrigatoriedade e a recomendação de plantar certas castas) e na criação de órgãos e instituições capazes de garantir quer a autoridade pública, quer a representatividade dos lavradores e comerciantes, disciplina esteve presente ciclicamente. “Em todos os grandes ciclos da história portuguesa, do despotismo ao constitucionalismo, da monarquia liberal às tentativas de poder real duro, da república ao corporativismo, os poderes públicos interessaram-se seriamente pelo Douro”, organizando e disciplinando a Região. António Barreto fez questão de esclarecer que, mesmo em períodos mais liberais, “alguma disciplina existiu”.
Foram, pois, a disciplina e as regras que trouxeram até nós esta região e estes vinhos e que permitiu definir os produtos e as suas características.
Perante tal organização e disciplina, António Barreto lançou o desafio: seremos nós capazes de, em democracia, reorganizar, de actualizar, mas de manter uma disciplina condutora? Acatemos, pois, tal repto! Da sua magnífica intervenção no El Corte Inglês, que maravilhou o público presente, quais as conclusões a tirar? Em jeito de síntese, Barreto deixou bem vincado que “sem autoridade, sem disciplina, sem regras, não há Região Demarcada, não há origem denominada, não há produto típico e original (que tem características próprias, que tem carácter, que serve de referência, que é um padrão)”.
Na linha de pensamento de Barreto, as empresas e os lavradores têm feito, por eles próprios, muito do que antigamente se esperou das entidades públicas. E esse será o caminho a trilhar! Para os mais cépticos, Barreto diz que basta atentar nas “melhores notícias que chegam do Douro” e ver que as mesmas têm, geralmente, “os lavradores como protagonistas, não o Estado, nem as Instituições”.
Eis, a título exemplificativo, algumas dessa boas-novas: níveis de exportação interessantes; aumento dos vinhos de qualidade; projecção internacional dos vinhos de qualidade, tanto do Porto como do Douro; expansão de práticas mais rigorosas no cultivo das vinhas e no fabrico do vinho; crescimento dos produtores engarrafadores; a crescente fixação das empresas comerciais exportadoras, que adquiriam, já, quintas e vinhas; o Douro como Património Mundial.
Porém, ainda nem tudo são “rosas”... António Barreto finalizou o seu discurso, dando conta de aspectos menos positivos, lacunas que terão de ser (obrigatoriamente) corrigidas, sob pena de se enfraquecer este Douro, envolto do tal “espectro da mudança”.Assim, referente a aspectos críticos, temos:
a)O grau de concentração empresarial nos Vinhos do Porto. Cinco grupos representam 70% a 80% de todo o comércio;
b)O gradual desaparecimento de empresas portuguesas exportadoras de vinhos;
c)Os baixos preços praticados nos vinhos comuns de média e de baixa qualidade;
d)A existência de grandes massas de vinhos de qualidade deficiente;
e)A deficiente gestão e a difícil situação económica das adegas cooperativas e a, ainda, muito deficiente formação profissional e técnica dos pequenos lavradores e das adegas cooperativas;
f)A fraqueza da representação social dos lavradores do Douro, nomeadamente dos pequenos agricultores.
g)O aparente desinteresse das autoridades e dos governos;
Estas e outras lacunas, levam a que Barreto “aponte o dedo” às “responsabilidades das entidades públicas, seja como causa, sem como omissão de acção”. E, então, perante este cenário mais crítico, o que fazer? Arregaçar as mangas, certamente.
A receita para ultrapassar todos estes aspectos, que Barreto considera “críticos”, não a dá... Até por considerar não ser “seguramente quem mais sabe” . Mas, usando da diligência e da sapiência que o caracterizam, sente como crucial a “necessidade de as autoridades estabelecerem um novo contrato com o sector dos vinhos do Douro e do Porto”, que desenvolva “os interesses locais, as comunidades e as autarquias”. ( in notíciasdodouro )
domingo, 25 de março de 2007
Momentos de Sabedoria
1- Os Nossos Defeitos
Os homens caminham pela face da terra em fila indiana, cada um carregando uma sacola na frente e outra atrás. Na da frente, colocamos as nossas qualidades Na de trás, guardamos todos os nossos defeitos.
Por isso, durante a jornada pela vida mantemos os olhos fixos nas virtudes que possuímos. Ao mesmo tempo, reparamos nas costas do companheiro que está adiante, e em todos os defeitos que ele possui. E julgamo-nos melhores que ele, sem perceber que a pessoa que está andando atrás de nós está pensando a mesma coisa a nosso respeito.
2- As Coisas Têm um Preço em Função da Nossa Opinião
Que a nossa opinião atribui um preço às coisas, vê-se em grande número, no que nos fixamos por estimarmos não as coisas mas sim a nós; e não consideramos nem as suas qualidades nem as suas utilidades, mas somente o que nos custa obtê-las, como se isso fosse uma parte da sua substância; e chamamos valor não ao que elas trazem mas sim ao que lhes atribuímos. Daqui compreendo que somos grandes administradores do nosso investimento. Ele vale tanto quanto pesa, justamente porque pesa. A nossa opinião nunca o deixa correr sem carga útil. A compra dá valor ao diamante, e a dificuldade à virtude, a dor à devoção, e o amargor ao medicamento.
Houve um só que, para chegar à pobreza, atirou os seus escudos nesse mesmo mar que tantos outros esquadrinham por todos os lados para pescar riquezas. «Epicuro» diz, que ser rico não é alívio e sim mudança de dificuldades. Na verdade, não é a penúria, é antes a abundância, que produz a Avareza.
Michel de Montaigne, in 'Ensaios'
3- Frases Famosas
"Os paraísos perdidos estão somente em nós mesmos." Marcel Proust
"Dê-me um ponto de apoio e moverei o mundo." Arquimedes
"As piores obras são sempre as que são feitas com as melhores intenções." Oscar Wilde
"Aquele que sabe falar sabe também quando fazê-lo." Arquimedes
"Os deploráveis modos modernos de hoje serão os "bons velhos tempos" de amanhã." L.S. McCandless
"A medida do amor é não ter medida." Santo Agostinho
"Tudo importa na arte, excepto o assunto." Oscar Wilde
"Todas as pessoas que não fazem barulho são perigosas." La Fontaine
"Se você quer civilizar um homem comece pela avó dele. " Victor Hugo
"O que você doa, você recebe e o que você recebe é sempre mais do que você dá. " Ray Baxandall
A cultura ajuda um povo a lutar com as palavras, em vez de o fazer com as armas.(Glugiermo Ferrero)
Perguntem aos jovens: eles sabem sempre tudo.(Provérbio chinês)
O mal da ignorância é que vai adquirindo confiança à medida que se prolonga.
4 – Alentejanos…
O que é que os Alentejanos chamam aos caracóis?
Animais irrequietos.
Por que é que os Alentejanos gostam de tomar a bica na casa de banho?
Para tomarem a bica com cheirinho.
O que é que os Alentejanos esperam depois da seca?
Que as vacas dêem leite em pó.
Por que é que os Alentejanos lêem os jornais nas esquinas?
É para o vento lhes mudar as folhas.
O que fazem 17 Alentejanos à porta do cinema?
Estão à espera de mais um, porque o filme é para M/18.
Qual a diferença entre um cancro e um Alentejano?
O primeiro evolui e o Alentejano não.
Por que é que os Alentejanos nunca vêem televisão à quarta-feira à noite?
Porque a lotação está esgotada.
Qual a melhor Universidade do mundo?
A de Évora porque entram Alentejanos e saem Engenheiros.
Um dia um Alentejano diz pra mulher:
- Maria põe a mesa no quintal que hoje vamos jantar fora.
Por que é que os Alentejanos treinam futebol na piscina?
Para puderem treinar lances em profundidade.
Por que é que os Alentejanos semeiam alhos nas bermas das estradas?
Porque o alho faz bem à circulação.
5- Pensamento Do Dia
Nada de grande se cria de repente. ( Manuel@Pinheiro)
domingo, 18 de março de 2007
Personare 6 de paus
Desenvolvendo a confiança em si
É chegado o momento de conquistar algo bastante almejado. A presença do 6 de Paus como arcano conselheiro favorece o triunfo sobre a adversidade e pressagia uma situação específica de triunfo muito em breve. Suas aspirações e objectivos tomarão forma e você sentirá imensa satisfação ao perceber que seus esforços não foram em vão. Você se recordará de uma fase em que agiu de forma realmente insegura e rirá disso. Todas as pessoas, por mais fortes que sejam, passam por momentos de insegurança. Isso não as faz menos fortes. A fraqueza surge apenas quando queremos fazer de conta que não passamos ou sofremos realmente momentos de dificuldade e posamos de orgulhosos. Pedir ajuda a quem se confia não é má ideia, o grande lance é saber em quem confiar!
Conselho: Confie em si e mande ver!
É chegado o momento de conquistar algo bastante almejado. A presença do 6 de Paus como arcano conselheiro favorece o triunfo sobre a adversidade e pressagia uma situação específica de triunfo muito em breve. Suas aspirações e objectivos tomarão forma e você sentirá imensa satisfação ao perceber que seus esforços não foram em vão. Você se recordará de uma fase em que agiu de forma realmente insegura e rirá disso. Todas as pessoas, por mais fortes que sejam, passam por momentos de insegurança. Isso não as faz menos fortes. A fraqueza surge apenas quando queremos fazer de conta que não passamos ou sofremos realmente momentos de dificuldade e posamos de orgulhosos. Pedir ajuda a quem se confia não é má ideia, o grande lance é saber em quem confiar!
Conselho: Confie em si e mande ver!
quarta-feira, 14 de março de 2007
Anedota Do Dia
sábado, 10 de março de 2007
O Capitalismo versus Sexo hehehe
CAPITALISMO IDEAL
Você tem duas vacas. Vende uma e compra um boi. Multiplicam-se e a economia cresce. Você vende a manada e aposenta-se. Fica rico!
CAPITALISMO AMERICANO
Você tem duas vacas. Vende uma e força a outra a produzir o leite de quatro vacas. Fica surpreendido quando ela morre.
CAPITALISMO JAPONÊS
Você tem duas vacas. Redesenha-as para que tenham um décimo do tamanho de uma vaca normal e produzam 20 vezes mais leite. Depois cria desenhinhos de vacas chamados “Vaquimon” e vende-os para o mundo inteiro.
CAPITALISMO BRITÂNICO
Você tem duas vacas. As duas são loucas.
CAPITALISMO HOLANDÊS
Você tem duas vacas. Elas vivem juntas, em união de facto, não gostam de bois e tudo bem.
CAPITALISMO ALEMÃO
Você tem duas vacas. Elas produzem leite regularmente, segundo padrões de quantidade e horário previamente estabelecidos, de forma precisa e lucrativa.
Mas o que você queria mesmo era criar porcos.
CAPITALISMO RUSSO
Você tem duas vacas. Conta-as e vê que tem cinco. Conta de novo e vê que tem 42.
Conta de novo e vê que tem 12 vacas. Você pára de contar e abre outra garrafa de vodka.
CAPITALISMO SUÍÇO
Você tem 500 vacas, mas nenhuma é sua. Você cobra para guardar as vacas dos outros.
CAPITALISMO ESPANHOL
Você tem muito orgulho de ter duas vacas.
CAPITALISMO BRASILEIRO
Você tem duas vacas. E reclama porque o rebanho não cresce...
CAPITALISMO HINDU
Você tem duas vacas. Ai de quem tocar nelas.
CAPITALISMO PORTUGUÊS
Você tem duas vacas. Uma delas é roubada. O governo cria o “IVVA” - Imposto de Valor Vacuum Acrescentado. Um fiscal vem e multa-o, porque embora você tenha pago correctamente o IVVA, o valor era pelo número de vacas presumidas e não pelo de vacas reais. O Ministério das Finanças, por meio de dados também presumidos do seu consumo de leite, queijo, sapatos de couro, botões, presume que você tenha 200 Vacas e para se livrar do sarilho, você dá a vaca que resta ao inspector das finanças para que ele feche os olhos e dê um jeitinho...
Quantas vezes faz sexo por semana?
Um repórter fazia uma pesquisa sobre a sexualidade na mulher e decidiu entrevistar uma saloia. -Então, Sra. Margarida, quantas vezes faz sexo por semana? -Bem, eu acordo às 6H00 da manhã, vou-me lavar e tenho logo umas três horas de sexo. Depois o meu Manel acorda, dou-lhe o pequeno-almoço e tenho mais umas 3H00 de sexo. O meu Manel chega para almoçar, sirvo-lhe o almoço e tenho mais umas 3H00 de sexo. O meu Manel chega à noitinha, sirvo-lhe o jantar e depois tenho mais umas 3H00 de sexo! -Mas espere aí: afinal de contas quantas vezes a Senhora faz sexo por dia??? O que você entende por "fazer sexo"? -Olhe senhor, sexo é tudo aquilo que me f***: lavar a loiça, passar a roupa a ferro, fazer o almoço e o jantar, limpar a cozinha, etc., etc...
http://marius5.com.sapo.pt/cesaria.html
Você tem duas vacas. Vende uma e compra um boi. Multiplicam-se e a economia cresce. Você vende a manada e aposenta-se. Fica rico!
CAPITALISMO AMERICANO
Você tem duas vacas. Vende uma e força a outra a produzir o leite de quatro vacas. Fica surpreendido quando ela morre.
CAPITALISMO JAPONÊS
Você tem duas vacas. Redesenha-as para que tenham um décimo do tamanho de uma vaca normal e produzam 20 vezes mais leite. Depois cria desenhinhos de vacas chamados “Vaquimon” e vende-os para o mundo inteiro.
CAPITALISMO BRITÂNICO
Você tem duas vacas. As duas são loucas.
CAPITALISMO HOLANDÊS
Você tem duas vacas. Elas vivem juntas, em união de facto, não gostam de bois e tudo bem.
CAPITALISMO ALEMÃO
Você tem duas vacas. Elas produzem leite regularmente, segundo padrões de quantidade e horário previamente estabelecidos, de forma precisa e lucrativa.
Mas o que você queria mesmo era criar porcos.
CAPITALISMO RUSSO
Você tem duas vacas. Conta-as e vê que tem cinco. Conta de novo e vê que tem 42.
Conta de novo e vê que tem 12 vacas. Você pára de contar e abre outra garrafa de vodka.
CAPITALISMO SUÍÇO
Você tem 500 vacas, mas nenhuma é sua. Você cobra para guardar as vacas dos outros.
CAPITALISMO ESPANHOL
Você tem muito orgulho de ter duas vacas.
CAPITALISMO BRASILEIRO
Você tem duas vacas. E reclama porque o rebanho não cresce...
CAPITALISMO HINDU
Você tem duas vacas. Ai de quem tocar nelas.
CAPITALISMO PORTUGUÊS
Você tem duas vacas. Uma delas é roubada. O governo cria o “IVVA” - Imposto de Valor Vacuum Acrescentado. Um fiscal vem e multa-o, porque embora você tenha pago correctamente o IVVA, o valor era pelo número de vacas presumidas e não pelo de vacas reais. O Ministério das Finanças, por meio de dados também presumidos do seu consumo de leite, queijo, sapatos de couro, botões, presume que você tenha 200 Vacas e para se livrar do sarilho, você dá a vaca que resta ao inspector das finanças para que ele feche os olhos e dê um jeitinho...
Quantas vezes faz sexo por semana?
Um repórter fazia uma pesquisa sobre a sexualidade na mulher e decidiu entrevistar uma saloia. -Então, Sra. Margarida, quantas vezes faz sexo por semana? -Bem, eu acordo às 6H00 da manhã, vou-me lavar e tenho logo umas três horas de sexo. Depois o meu Manel acorda, dou-lhe o pequeno-almoço e tenho mais umas 3H00 de sexo. O meu Manel chega para almoçar, sirvo-lhe o almoço e tenho mais umas 3H00 de sexo. O meu Manel chega à noitinha, sirvo-lhe o jantar e depois tenho mais umas 3H00 de sexo! -Mas espere aí: afinal de contas quantas vezes a Senhora faz sexo por dia??? O que você entende por "fazer sexo"? -Olhe senhor, sexo é tudo aquilo que me f***: lavar a loiça, passar a roupa a ferro, fazer o almoço e o jantar, limpar a cozinha, etc., etc...
http://marius5.com.sapo.pt/cesaria.html
quarta-feira, 7 de março de 2007
Sonhos Prometedores
Tenho mais pena dos que sonham o provável, o legítimo e o próximo, do que dos que devaneiam sobre o longínquo e o estranho. Os que sonham grandemente, ou são doidos e acreditam no que sonham e são felizes, ou são devaneadores simples, para quem o devaneio é uma música da alma, que os embala sem lhes dizer nada. Mas o que sonha o possível tem a possibilidade real da verdadeira desilusão. Não me pode pesar muito o ter deixado de ser imperador romano, mas pode doer-me o nunca ter sequer falado à costureira que, cerca das nove horas, volta sempre a esquina da direita. O sonho que nos promete o impossível já nisso nos priva dele, mas o sonho que nos promete o possível intromete-se com a própria vida e delega nela a sua solução. Um vive exclusivo e independente; o outro submisso das contingências do que acontece.
Fernando Pessoa, in 'O Livro do Desassossego
Fernando Pessoa, in 'O Livro do Desassossego
quinta-feira, 1 de março de 2007
Singela Homenagem
24 Quadras, In " Este Livro Que Vos Deixo "
1
Não vás contar a ninguém
as histórias que não sabes;
nem assim entrarás bem
no lugar em que não cabes.
2
Quem me vê dirá: não presta,
nem mesmo quando lhe fale,
porque ninguém traz na testa
o selo de quanto vale.
3
Deixam-me sempre confuso
as tuas palavras boas,
por não te ver fazer uso
dessa moral que apregoas.
4
São parvos, não rias deles,
deixa-os ser, que não são sós;
às vezes rimos daqueles
que valem mais do que nós.
5
Que importa perder a vida
em luta contra a traição,
se a Razão, mesmo vencida,
não deixa de ser Razão?
6
Inteligências há poucas.
Quase sempre as violências
nascem das cabeças ocas,
por medo às inteligências.
7
P'ra mentira ser segura
e atingir profundidade,
tem que trazer à mistura
qualquer coisa de verdade.
8
Para triunfar depressa,
cala contigo o que vejas
e finge que não te interessa
aquilo que mais desejas.
9
Ti, que tanto prometeste
enquanto nada podias,
hoje que podes - esqueceste
tudo quanto prometias...
10
Os que bons conselhos dão
às vezes fazem-me rir,
- por ver que eles próprios são
incapazes de os seguir.
11
Não sou esperto nem bruto
nem bem nem mal educado:
sou simplesmente o produto
do meio em que fui criado.
12
Os meus versos o que são?
Devem ser, se os não confundo,
pedaços do coração
que deixo cá neste mundo.
13
Porque o mundo me empurrou,
caí na lama, e então
tomei-lhe a cor, mas não sou
a lama que muitos são
14
Eu não tenho vistas largas,
nem grande sabedoria,
mas dão-me as horas amargas
lições de filosofia.
15
Co'o mundo pouco te importas
porque julgas ves direito.
Como há-de ver coisas tortas
quem só vê em seu proveito?
16
Descreio dos que me apontem
uma sociedade sã:
isto é hoje o que foi ontem
e o que há-de ser amanhã.
17
Vós que lá do vosso império
Prometeis um mundo novo,
calai-vos que pode o povo
qu'rer um mundo novo a sério.
18
Há luta por mil doutrinas.
Se querem que o mundo ande
façam das mil pequeninas
uma só doutrina grande.
19
O meu mais puro sorriso
eu não o mostro a ninguém;
mas sei rir, quando preciso,
a quem me sorri também
20
Se o hábito faz o monge
e o mundo quer-se iludido,
que dirá quem vê de longe
um gatuno bem vestido?
21
Sei que pareço um ladrão...
mas há muitos que eu conheço
que, sem parecer o que são,
são aquilo que eu pareço.
22
Nas quadras que a gente vê,
quase sempre o mais bonito
está guardado p'ra quem lê
o que lá não 'stá escrito.
23
Meus versos que dizem eles
que façam mal a alguém?
Só se fazem mal àqueles
a quem podem ficar bem.
24
Julgando um dever cumprir,
sem descer no meu critério,
- digo verdades a rir
aos que me mentem a sério!
(António Aleixo)
Deixo-vos o poeta… mas, também outro grande Senhor da Arte, em Portugal, meu amigo e conterrâneo. Um site de qualidade superior, e que desejo muito apreciem, nesta minha singela homenagem, ao pintor Nadir Afonso* Obrigada* Bem Hajam!
http://www.nadirafonso.pt/
1
Não vás contar a ninguém
as histórias que não sabes;
nem assim entrarás bem
no lugar em que não cabes.
2
Quem me vê dirá: não presta,
nem mesmo quando lhe fale,
porque ninguém traz na testa
o selo de quanto vale.
3
Deixam-me sempre confuso
as tuas palavras boas,
por não te ver fazer uso
dessa moral que apregoas.
4
São parvos, não rias deles,
deixa-os ser, que não são sós;
às vezes rimos daqueles
que valem mais do que nós.
5
Que importa perder a vida
em luta contra a traição,
se a Razão, mesmo vencida,
não deixa de ser Razão?
6
Inteligências há poucas.
Quase sempre as violências
nascem das cabeças ocas,
por medo às inteligências.
7
P'ra mentira ser segura
e atingir profundidade,
tem que trazer à mistura
qualquer coisa de verdade.
8
Para triunfar depressa,
cala contigo o que vejas
e finge que não te interessa
aquilo que mais desejas.
9
Ti, que tanto prometeste
enquanto nada podias,
hoje que podes - esqueceste
tudo quanto prometias...
10
Os que bons conselhos dão
às vezes fazem-me rir,
- por ver que eles próprios são
incapazes de os seguir.
11
Não sou esperto nem bruto
nem bem nem mal educado:
sou simplesmente o produto
do meio em que fui criado.
12
Os meus versos o que são?
Devem ser, se os não confundo,
pedaços do coração
que deixo cá neste mundo.
13
Porque o mundo me empurrou,
caí na lama, e então
tomei-lhe a cor, mas não sou
a lama que muitos são
14
Eu não tenho vistas largas,
nem grande sabedoria,
mas dão-me as horas amargas
lições de filosofia.
15
Co'o mundo pouco te importas
porque julgas ves direito.
Como há-de ver coisas tortas
quem só vê em seu proveito?
16
Descreio dos que me apontem
uma sociedade sã:
isto é hoje o que foi ontem
e o que há-de ser amanhã.
17
Vós que lá do vosso império
Prometeis um mundo novo,
calai-vos que pode o povo
qu'rer um mundo novo a sério.
18
Há luta por mil doutrinas.
Se querem que o mundo ande
façam das mil pequeninas
uma só doutrina grande.
19
O meu mais puro sorriso
eu não o mostro a ninguém;
mas sei rir, quando preciso,
a quem me sorri também
20
Se o hábito faz o monge
e o mundo quer-se iludido,
que dirá quem vê de longe
um gatuno bem vestido?
21
Sei que pareço um ladrão...
mas há muitos que eu conheço
que, sem parecer o que são,
são aquilo que eu pareço.
22
Nas quadras que a gente vê,
quase sempre o mais bonito
está guardado p'ra quem lê
o que lá não 'stá escrito.
23
Meus versos que dizem eles
que façam mal a alguém?
Só se fazem mal àqueles
a quem podem ficar bem.
24
Julgando um dever cumprir,
sem descer no meu critério,
- digo verdades a rir
aos que me mentem a sério!
(António Aleixo)
Deixo-vos o poeta… mas, também outro grande Senhor da Arte, em Portugal, meu amigo e conterrâneo. Um site de qualidade superior, e que desejo muito apreciem, nesta minha singela homenagem, ao pintor Nadir Afonso* Obrigada* Bem Hajam!
http://www.nadirafonso.pt/
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