sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

A Minha Homenagem ao Dr Barroso da Fonte Por tudo o que escreve. Bom Ano Professor.


P’ra pior já basta assim!
Barroso da Fonte(investigador)
João Neto, na Revista Sábado chamou a 2008 «o ano em que os políticos mataram a política, essa arte que durante tantos anos quisemos acreditar suprema. Foi, desastradamente, o ano da política».

O ano que ora finda foi, declaradamente, um ano para esquecer. Porque ninguém (a não ser aqueles que medram de barriga ao sol e que comem os manjares que não merecem), é capaz de garantir que o país está hoje melhor do que estava no Natal de 2007, de 2006, de 2005 e por aí atrás... Os que gargalham destas palavras só, por hipocrisia política, não acenam com a cabeça. E o mais dramático é o que aí vem. O governo, com tanta vontade de garantir a re-eleição, como de manter os comensais que o elegeu, à mesa do orçamento geral do Estado, começou a desviar para os bancos falidos, aquilo que poderia ser, a tábua de salvação do futuro. Ao país que andou a viver das barras de ouro do salazarismo, enquanto não vieram os comboios de fundos comunitários que mais empobreceram a maior parte, aburguesando a classe política e seus líderes, começam a chegar as dores de barriga que prenunciam a morte inevitável. Portugal transformou-se num país de ladrões, com uma certeza: são eles que comandam a vida, são eles que demonstram o princípio do dividir para reinar, são eles que comprovam a subversão dos valores supremos que distinguiam a modernidade da barbárie. Que somos um país de ladrões prova-se e comprova--se pelos assaltos à mão armada, pelos crimes que polícia alguma consegue travar, pela onda de insegurança e de instabilidade que transformou um país ordeiro e calmo, num caos que assusta, que mata, que rouba, com uma certeza: quem os apanha, quem os denuncia, quem os identifica é a primeira e única vítima, que se defronta com a Justiça, porque os criminosos entram nas esquadras da PSP ou da GNR e, minutos depois de serem presentes aos tribunais, são postos em liberdade, numa verdadeira afronta ao trabalho sério e competente dos agentes da autoridade.
Mas que é um país de ladrões, para quem ainda tinha dúvidas, ficou sem elas, perante os casos e as caras dos implicados no BPN, no BPP e, possivelmente, noutros que antes e depois destas peripatéticas surpresas, já se tinham revelado. É óbvio que nessas e noutras instituições bancárias, a par desses banqueiros de luxo, há gente séria. Mas esta gente séria é, como sempre acontece, quem fica lesada, quem sofre as consequências, porque acredita «nessa gentalha» importante e, vai perder as parcas economias que lá depositou.
Para confirmar esta odisseia trágico-cómica, avulta o poder político que retira às reformas, aos aumentos da classe baixa e média, para atulhar as fraudes bancárias e repor os desvios criminosos nalgumas empresas e instituições de crédito. A Caixa Geral de Depósitos cobriu, nos últimos tempos, buracos escancarados em empresas que já haviam sido objecto de injecções de justiça duvidosa. Somam-se os casos de aplicações bancárias inquietantes como nas Minas de Aljustrel, na Quimonda, em Vila do Conde e outras. E se estes casos já eram de decisão duvidosa, o Governo que se acautele porque, muitas outras vão seguir-lhe o exemplo, para que o governo cumpra: para situações iguais, iguais apoios. E onde é que a CGD e outros bancos vão buscar esses muitos, muitos milhões? O Jornal de Negócios, de 9 de Dezembro, titulava em manchete que Constâncio está entre os banqueiros centrais mais bem pagos do mundo. E explica: «O líder do banco central recebeu em 2007, 18 vezes o rendimento nacional por habitante, ou seja: levou para casa, em dinheiro à vista: 249.448 de euros, no ano de 2007.
No dia em que escrevo esta crónica (23/12), recebo uma circular do BPI em que se notifica o cliente nestes termos: «A partir de 1/02/2009 passarão a ser cobradas as seguintes comissões: 5 euros, acrescidos de 4% de imposto de selo, por cada dia que a conta à ordem se encontre em situação de descoberto acidental; Comissão de 20 euros, acrescida de 4% de imposto de selo, por cada cheque pago sem que a conta à ordem esteja devidamente aprovisionada». Como é possível que o governo ande a injectar em bancos que cometem esta prepotência em instituições que não ajudam, antes exploram, despoticamente, os pobres, já que os ricos, se limitam a viver das receitas e das acções que compram com dinheiro emprestado pelo próprio banco?
Almeida Santos disse, há dias, nas televisões que os deputados ganham pouco e que devem fazer as votações às quintas para poderem faltar às sextas. Eles que já praticam uma semana de 4 dias (de 3ª a 6ª feira) e que ganham tanto em deslocações e despesas de representação, como de vencimento (80% do que ganha o Presidente da República,) se ganham pouco, vamos ter que instituir um dia do peditório nacional p’ró deputado, já que não há dinheiro que resista com tanto político profissional a viver à custa da riqueza que os verdadeiros profissionais geram. O PND da Madeira, que apenas tem um deputado, recebeu, sem contar, 20 mil euros. Resolveu distribuí-los, por 250 pessoas pobres. Um gesto simbólico de como este país, tem mais gente a gastar o que não merece, do que a produzir riqueza.
Nos 3 actos eleitorais de 2009 o país vai consumir 70,5 milhões. Para quê? Sem demagogos viveríamos bem. Mas sem escravos a puxar à carroça da produção, o país afunda-se inevitavelmente.

Um comentário:

Anônimo disse...

A Câmara Municipal de Viseu assinala com um Te-Deum o falecimento de D. Afonso Henriques, que morreu a 6 de Dezembro de 1185, precisamente nesse dia, na Sé da cidade, às 11H00

Boa Ideia, Viseu