quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Era Uma Vez

A Maior Hecatombe da história» abateu-se sobre a imprensa regional .......

O título foi usado na cara do ministro da tutela, pelo Director do Mensageiro de Bragança.

Esse governante já deu mostras de que anda a brincar com coisas sérias. Brincou em campanha eleitoral para as Presidenciais, quando afirmou que o país sofreria um «golpe de estado», caso Cavaco Silva ganhasse as eleições.

A infelicidade da sua atoarda enfraqueceu o seu «doutorismo» sociológico e fragilizou-o perante a imprensa regional que nunca teve à frente dos seus destinos político tão inseguro. Se já engoliu muitos sapos, nos cruzamentos que terá tido com o Chefe de Estado, durante um ano de vigência, muitas pragas a pequena imprensa já lhe rogou, pela péssima defesa que dela tem feito, em menos de metade do mandato que leva à frente do sector. Desde a «censura» na RTP, aos incompreensíveis remendos no Estatuto dos Jornalistas que quer, a todo o custo, introduzir numa profissão de que pouco entende, Artur Santos Silva soma mentiras e cogitações que num «doutor» não se compreendem. Já tivemos na tutela, governantes com o antigo sétimo ano de liceu, que deram mostras de maior coerência e equilíbrio cognitivo. Sirva o exemplo de Amândio de Oliveira que, ao lado de Marques Mendes, defendeu a Comunicação Social, com propostas que catapultaram a imprensa regional e as rádios locais para altos voos. Foi nessa altura que se instituíram importantes subsídios, como o incentivo à modernização tecnológica. E, com Amândio de Oliveira e Marques Mendes se manteve o porte pago, a 100% para o país e para o estrangeiro.

Ora o doutor Augusto Santos Silva, imbuído do espírito do «golpe de estado» que vem povoando o seu imaginário, foi, dia 20 de Janeiro, a Bragança, oficializar uma mentira e anunciar a morte súbita para o porte pago para o estrangeiro. Não estive lá mas tenho esse semanário como fonte idónea. Durante vinte anos consecutivos mantive nele, colaboração permanente. E leio sempre, com grande cuidado, os editoriais que o seu director, Calado Rodrigues, nele assina. Na edição de 25 de Janeiro faz-se o relato, nas páginas 6, 7 e 13 das cerimónias comemorativas dos 67 anos do Mensageiro de Bragança Artur Santos Silva presidiu ao acto e, diante de uma plateia de profissionais da C.S. (pelos vistos amestrados à dureza do regime), disse algumas mentiras e confirmou a perda irremediável de medidas que tanto custaram a conquistar.
Como Calado Rodrigues é sacerdote e sei que eles, por princípio, não mentem, aceito como verdadeiras as palavras que exarou no seu editorial. E essas palavras são terríficas: «é espantoso que o ministro dos Assuntos Parlamentares, Augusto Santos Silva, tenha afirmado que o Governo não cumpre a Lei e, apesar da Lusa ter dado conta dessa afirmação, os órgãos de C. S. não lhe tenham dado qualquer atenção. Porquê? Será que o Governo está acima da Lei? Ou será que para continuarem a receber a publicidade institucional que é devida aos órgãos regionais, têm de deixar passar alguns destes descuidos dos titulares do Estado?»

E Calado Rodrigues continua nesse editorial a relatar coisas que em nada abonam a idoneidade política deste governante: ele «não trouxe boas notícias para a imprensa regional. Para além de assumir a incapacidade para fazer cumprir a Lei da Publicidade do Estado, confirmou que o porte pago para o estrangeiro é mesmo para acabar…Para o governo o porte pago está ferido de morte desde 1996, quando começou a ser diminuído por iniciativa do Governo de A. Guterres». E mais grave ainda, no plano ético: «Em resposta a essa provocação, o ministro da tutela referiu que foi esse Governo (de Guterres) quem introduziu os incentivos à modernização tecnológica. Deve ter sido outra distracção do Senhor Ministro. De facto esse Governo limitou-se a mudar o nome. E, para além de mudar o nome, também reduziu a comparticipação estatal. Antes de 1996 eram comparticipados a 100%. Com o Governo socialista passaram a ser comparticipados apenas em 50%, percentagem que ainda se mantém». E o director do Mensageiro de Bragança, no seu discurso, foi peremptório: «…se a legislação não for cumprida pelo Estado e o porte pago for abolido, então este Governo irá ficar associado à maior hecatombe da história da imprensa regional em Portugal».

O signatário contribuiu, como dirigente associativo, para a criação desses e de outros benefícios. Embora proprietário e director de algumas publicações periódicas, nunca requereu (e nunca recebeu) qualquer cêntimo do Estado. Mas coloca-se ao lado daqueles que injustamente vão sofrer a perseguição que o regime lhes vem infringindo.
A imprensa regional merecia mais e merecia melhor. Merecia mais apoios e menos favores. E merecia jornalistas mais devotados, mais persistentes e mais corajosos.
Quando falo em favores refiro-me às tremendas injustiças que alguns políticos exercem, dando tudo a uns e nada a outros. O exemplo de João Jardim noticiado pelo Público de 5 do corrente é um exemplo, entre centenas que se editam por esse país fora. Investiguem câmara a câmara, confrontem o que uns recebem de publicidade institucional, com outros que têm o mesmíssimo direito, mas que nem lhes conhecem o cheiro. Tudo isto nas barbas de quem vive na mesma rua, na mesma vila, no mesmo concelho. E falo em jornalistas corajosos porque, por subserviência e por medo, silenciam esta salazarenta ditadura. Esses são os tais jornaleiros, vestidos de jornalistas. E até ostentam carteira profissional… –

(Por Barroso da Fonte, Dr.) fixado por manuelapinheiro c/ direitos reservados* mp*
http://www.paixaoeromance.com/80decada/80baile_da_vida/h_baile.htm

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