segunda-feira, 2 de abril de 2007

Quero que esta democracia......


QUERO QUE ESTA DEMOCRACIA SE F***!!
Tenho tentado manter neste blogue uma certa elevação de linguagem e de postura, pois sempre me pareceu que a educação seria o primeiro passo para um civismo responsável. No entanto, a sucessão de factos, escândalos, ineficiências, conluios e outros atropelos, para lá do que é medianamente aceitável, fazem-me perder de vez a compostura, e num verdadeiro grito de alma, rebelar-me contra o estado miserável da nossa democracia.Dizem-me que o problema não está na democracia, mas sim no Povo Português. Pode ser, mas como a palavra “democracia” significa “poder do povo”, a coisa vai desembocar na mesma cloaca.Já nem vale a pena falar nas escandalosas candidaturas de falsos “independentes”, na realidade verdadeiros caciques, agarrados como carraças ao poder e que não se conformam com a sua não-escolha por parte das direcções partidárias e que concorrem garantindo vantagens e pretendas. Até me admiro de como ainda não ouvi o Major Valentim Loureiro avisar os Gondomarenses, que caso não ganhe, terão de devolver os electrodomésticos que ele distribuiu pela população na sua primeira campanha eleitoral. Sobre o caso de Felgueiras, e agora o de Lisboa, assim como tantos e tantos que há por aí, nem vale a pena falar. Passei lá na quinta-feira passada, e além da profusão de cartazes, aparentemente nascidos em menos de vinte e quatro horas como se de cogumelos se tratassem, vi uns inomináveis cartazes com a fotografia de Fátima Felgueiras e que ostentavam a frase; “Não chores por mim, oh Felgueiras…”, glosando de forma ridícula e pusilânime o “dont cry for me Argentina…”, qual “Evita” minhota, vítima da cabalas e urdiduras.O estado da política no seu geral, que assoma de forma visível com estes casos, se não fosse dramático, seria digno de um programa humorístico e comprova bem como à sombra do 25 de Abril se constituíram e blindaram um conjunto de oligarquias, das quais estamos prisioneiros, quase em regime de escravatura.A própria democracia (como acertadamente referiu Manuel Alegre) está refém do sistema político, não havendo meios aparentes de alterar as coisas.A maneira de como foi urdida esta teia Kafkiana, apenas permite que seja o sistema a reformar-se a si próprio, mas atendendo ao conjunto de poderes fácticos, privilégios e benesses que estão ao seu alcance, parece impraticável esta reforma, até porque esta necessita de uma maioria de 2/3, o que a torna virtualmente inviável, dado o inexorável período eleitoral de quatro em quatro anos que é necessário vencer a todo o custo e sem qualquer remorso.E depois aonde iriam parar os escandalosos negócios como o da Euro-minas, no qual destacadas figuras do PS se encheram de “graveto”? Como é que Pina Moura, comunista arrependido, poderia acumular o seu cargo de deputado com o de administrador do gigante energético espanhol “Iberdrola”? E os restantes “jobs for the boys”?Infelizmente, afastada de vez a hipótese de um pronunciamento militar – com os militares a degradarem cada vez mais a sua imagem e estatuto, com os juízes a agirem como meros funcionários públicos em detrimento do seu estatuto de órgão de soberania, arredando a hipótese do comum dos cidadãos se defender juridicamente dos abusos da esfera do poder, confesso não ver caminho para a saída deste verdadeiro “beco sem saída”.Com este cenário de descrença nas instâncias e com este desencanto num povo que vota apenas para si e não para o bem comum, evidenciando de forma irrefutável a sua boçalidade intrínseca, apenas me resta um desabafo, e quebrando uma longa tradição de boa educação, no auge da minha imensa fúria e impotência, apenas consigo gritar:QUERO QUE ESTA DEMOCRACIA SE F***!!!!!
Publicado por JM em Setembro 26, 2005 03:24 PM


http://antena3.rtp.pt/ Sem comentários…. Boa Semana*

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