sexta-feira, 13 de abril de 2007

Vivemos numa verdadeira palhaçada....

Todos os dias acordamos com escândalos inimagináveis, com fraudes do mais arrepiante, com insólitas notícias que nos deixam atónitos e sem vontade de viver.Recuamos ao tempo dos primatas. Fazemos hoje cenas do mais ridículo espalhafato. E, por incrível, mesmo de olhos bem abertos, às vezes até nos questionamos se não viveremos num sonho milenar. Para chegar a esta dramática conclusão basta ler as primeiras páginas, ligar qualquer canal televisivo, ouvir um noticiário radiofónico. E se essas funestas notícias se reportam a acidentes naturais, a quedas de aviões, a tremores de terra, a gente sem formação e sem princípios éticos, ainda vá que não vá. Mas quando esses contra-sensos políticos, sociais, académicos, religiosos ou de natureza semelhante, têm origem em personalidades que nos governam, que nos deveriam nortear e servir de modelos de vida, acabamos por corar de vergonha, já que eles não têm vergonha nenhuma.

Deixando para trás os bárbaros exemplos da «Casa Pia», do «Apito Dourado», de «Fátima Felgueiras», «Valentim Loureiro», de «Isaltino de Morais», de «Vale e Azevedo», de «Pimenta Machado», de «Carlos Melancia», valerá a pena chamar à liça a bandalheira que se tem vivido nos últimos tempos com o sector da formação académica. Todos temos direito a vencer na vida. Mas sempre em respeito pelas normas vigentes, em qualquer país civilizado. Subir sem atropelar os outros, seguindo as regras das auto-estradas. Cada um deve utilizar a sua faixa de rodagem, sem colidir com o parceiro do lado. Se colidir a tragédia é inevitável. Essa é a norma que se confunde com a lei natural da vida.A democracia portuguesa trouxe-nos, sobretudo, a liberdade. Mas até essa já serve de chacota permanente, porque, em seu nome, se cometem, constantemente, libertinagens que se ramificam em fraudes, roubos, violações, abusos de poder, traições, desrespeito, indignidade.

Dia 25 de Março último, a RTP protagonizou o cenário que explica toda esta barafunda que paira na mente de todos, mas que alguns não souberam interpretar. E, de lá para cá, todos os analistas se questionam como foi possível classificar dois ditadores em primeiro e segundo lugares, no concurso dos «Grandes Portugueses»: Salazar e Cunhal, preferindo-os, em detrimento de nomes de uma visão incomensurável: como Afonso Henriques, Camões, Pessoa e tantos outros.A explicação encontra-se na tal palhaçada em que temos vivido nestes 32 anos de democracia. Estas três décadas serviram para tudo, menos para pôr em prática os valores democráticos que apenas serão nobres e defensáveis se houver: justiça, respeito, preocupação em saber, lisura comportamental, dignidade e humanismo.

O folhetim da Universidade Independente é paradigmático deste malabarismo constante em que temos vivido. Os semanários: Expresso e Sol deste Sábado em que escrevo esta crónica fazem manchete desta chusma de abusos, de deploráveis episódios que nos amedrontam e nos tiram a vontade de viver: «Despesas dos gabinetes ministeriais sempre a crescer. Ministros de José Sócrates são os mais gastadores». A fonte é o Tribunal de Contas que arrasa tudo e todos. Enquanto oito milhões de Portugueses apertam o cinto e voltam a cozinhar a lenha e a petróleo, porque a fome é muita, uns milhares de políticos profissionais, vivem à grande e à francesa. Dezenas desses e de outros espertalhões, utilizam todo o tipo de influências para saltarem de meros analfabetos para licenciados, mestres e doutores.

Sabe-se pelo Sol que no Externato Alfa, em Lisboa, foram falsificados dezenas de certificados de habilitações para que os beneficiários pudessem entrar nas universidades. O Ministério Público está a investigar e espera-se que seja a fraude devidamente averiguada. A Independente, é tão zelosa que emitiu num Domingo, dia 8 de Setembro de 1996, o diploma de licenciatura de José Sócrates, assinado pelo reitor Luís Arouca e pela filha. Como este reitor está a contas com a justiça por falsificar documentos e outros crimes, Sócrates ficará sempre na suspeição de que tem uma licenciatura duvidosa. E tanto assim que Amadeu Lima de Carvalho que se reclama sócio maioritário da UnI, sendo apenas solicitador, conseguiu que o tal Luís Arouca lhe assinasse os diplomas de licenciado, de mestre e de doutor.

As fotocópias mostraram o Crime de 29 de Março. Mas, como nessa fonte se explica, esses diplomas contradizem-se uns aos outros. E diz o tal solicitador: «o meu diploma é tão verdadeiro como o do Senhor Primeiro-Ministro». Quem duvidar leia a manchete do último «Expresso». É imperioso inspeccionar, com rigor, todas as universidades, institutos e escolas superiores. Verificar cadastro a cadastro. Saber se se cumpre a proporcionalidade de um Doutor para cada 200 alunos e de um Mestre para 150. É essa a regra da proporcionalidade exigida por lei no Ensino Superior. Conhecemos instituições onde há bacharéis a diplomar licenciados. E outras irregularidades que nos envergonham.

Por Barroso da Fonte, Dr. in notíciasdodouronet

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